Diversão

Contra ressaca, foliões usam caldo de piranha, mocotó e revezam bebidas

Paula Maciulevicius | 12/02/2015 01:02
Saída do bloco foi do Hotel Nacional, na Rua América, depois de 2h de concentração do "Sandálias de Frei Mariano. (Foto: Marcos Ermínio)
Saída do bloco foi do Hotel Nacional, na Rua América, depois de 2h de concentração do "Sandálias de Frei Mariano. (Foto: Marcos Ermínio)

Quando a festa começa numa quarta-feira e só termina na outra, além da energia dispensada na rua ou na passarela do samba, é preciso também calcular a disposição para se aguentar tanta folia. Em Corumbá, cidade que tem o Carnaval mais expressivo do Estado, os foliões deram o pontapé nesta noite e como só devem parar na quarta de Cinzas, tanto na lancheira que vai para o bloco quanto em casa, o que não falta é criatividade na hora de evitar a ressaca.

Na saída do Bloco Sandálias de Frei Mariano da frente do Hotel Nacional, na Rua América, onde foi por cerca de 2h a concentração, as amigas Márcia do Carmo, de 30 anos e Elaine Ortiz, de 33, empurravam uma pequena sacola em rodinhas. Dentro estava a bebida escolhida para abrir o Carnaval. A justificativa, segundo elas, é de que para não "ressaquear" e o corpo não enjoar, o segredo está em revezar vinho, drinks e cerveja.

Elaine reveza entre cerveja e vinho para não ter ressaca. (Foto: Marcos Ermínio)

"Se tomar cerveja todo dia enjoa. A gente reveza entre hoje, quinta e sexta", explicou Márcia. Aos risos, ela brinca que realmente só para mesmo no fim do feriado. O critério usado para intercalar as bebidas é o fato de que nos blocos independentes não se pode levar o que se bebe de casa.

"Aí a gente toma cerveja, nos outros é vinho, Ice", contam. Nesta noite, por exemplo, nem o calor de Corumbá as desanimou e na malinha estava uma garrafa de vinho, ainda fechada.

Numa escala de uma semana de festa, é claro que a dúvida que fica é quanto ao efeito da mistura de bebidas. "No outro dia é só água e caldo de piranha", conta Elaine. As amigas garantem que a receita é tiro e queda. "Não tem ressaca, pode ir", avisam.

Na tentativa de compartilhar do truque, a gente pede para que elas, ali mesmo, em plena saída de bloco, ensinem a fazer."Tempera e retalha a piranha, mas tem que ser antes de fazer. Aí frita ela bem mais ou menos, não é para ficar bem fritinha não", ensina Elaine.

 

Joana usa mocotó escaldado no fubá para ficar "pronta para outra". (Foto: Marcos Ermínio)

Em seguida já se pode cortar os temperos que ficam a critério de cada folião, mas podem ser: tomate, cebola e cheiro verde. "Aí põe água para ferver e quando tiver fervendo, joga a Piranha. Depois espera e joga a mandioca, que é para engrossar o caldo e encerra com cheiro verde", resume a dupla.

Depois de esperar o ano inteiro para o Carnaval chegar, a aposentada Joana Loureiro, de 60 anos, vai matar as saudades e sair, segundo ela, em todos os blocos e na maioria das escolas. "Começo na Caprichosos e termino na Pesada. Para dar conta de tudo isso? Só muito mocotó mesmo, escaldado de fubá", entrega.

A receita leve fubá, carne moída, queijo e ovos. "Se levanta? E muito, até defunto", brinca.

Em Corumbá, foliões têm ainda uma semana de festa pela frente. (Foto: Marcos Ermínio)
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