Diversão

Comunidade Tia Eva abre Festa de São Benedito prestes a completar 100 anos

Caminhando para o centenário, evento ainda não tem apoio público, mas comunidade avança e até amplia a programação

Thaís Pimenta | 12/05/2018 08:46
Missa deu início as comemorações da festa para São Benedito ontem na comunidade Tia Eva. (foto: Paulo Francis)
Missa deu início as comemorações da festa para São Benedito ontem na comunidade Tia Eva. (foto: Paulo Francis)

Já são 99 edições da festa promovida pela comunidade urbana quilombola Tia Eva, para manter viva a promessa da fundadora Eva Maria, que segundo a crença dos moradores, foi curada de uma ferida na perna por São Benedito. há quase cem anos.

A abertura aconteceu ontem, com apresentação da Orquestra Municipal de Campo Grande e com a missa de inauguração, que funciona nos moldes de uma novena. Mas como a boa raíz brasileira, a tradição mescla muitas referência, a mesma noite teve também a bateria da Escola de Samba Igrejinha e neste ano a moçada programou até uma "social" durante a semana, com baile funk no dia 18.

O responsável pela festa, Eurides Antonio da Silva, conhecido por Bolinho, reforça sempre que o encontro representa a resistência e apesar de caminhar para os 100 anos, ainda não tem investimento público. 

"Não contamos com a ajuda que julgamos nem do poder público estadual e nem municipal. Sou a quinta geração de descendente e é uma festa que dá um trabalho enorme pra ser organizada. É uma celebração de 99 anos e muitas coisas a gente deixa de realizar por falta de estrutura. Já é uma festa que está no calendário da cidade, e nós gostaríamos de um novo olhar por parte das autoridades. Sonho em transformar essa comunidade em uma pequena Pelourinho", diz ele.

Apesar das dificuldades, o essencial, que é o louvor ao santo, está presente a cada dia de celebração. O terço é rezado todos os dias, sempre às 19h, de 12 a 19 de maio, na Capelinha onde começaram os primeiros terços da mestra. 

Missa afro trouxe as imagens de Nossa Senhora e de São Benedito. (foto: Paulo Francis)
Barraquinhas são oportunidade para os moradores da comunidade lucrar o mínimo.
Ao entrar na festa, todos recebem e mesma pulseirinha, como se fosse uma lembrança.

A programação está repleta de ações positivas, como a palestra sobre empoderamento da mulher negra, realizada pela Odete Cardoso, responsável pelo GMUNE (Grupo de Mulheres Negras em Ação da Comunidade Tia Eva), um concurso de poemas e poesias sobre a história da Tia Eva, além do torneio de futebol que já é clássico na cidade.

''A primeira corrida de rua Tia Eva, que acontece no domingo, para nos é um sonho muito grande estar realizando'', diz Bolinho, sobre a competição de 5 quilômetros que ocorre no dia 13 a partir de 7h.

O dia 19 será especial, por conta do hasteamento do estandarte, com a imagem do santo em uma bandeira, colocada na ponta de uma vara de bambu.

''É rezado o terço em comemoração, depois acendemos uma fogueira para comemorar que estamos em festa. Existe até uma lenda que para onde esse estandarte virar, naquela direção haveria uma moça que se casaria''. No mesmo período acontece o desfile de turbantes do GMUNE.

No dia seguinte, logo pela manhã, às 8h15 começa uma procissão dos fieis do santo, na qual se carrega um andor de Nossa Senhora e de São Benedito durante um circuito que dá a volta no salão social. Às 9h,  será a missa de encerramento.

Ao final dela, todos vão para o campo de futebol para a final do torneio. ''Terminando o pessoal desce no salão porque tem a premiação e o churrasco para todo mundo, gratuito nesse dia. A festa continua até a noite''.

Finalmente no dia 27 acontece a primeira Feijoada Tia Eva que fecha-se o ciclo oficialmente de movimentações a São Benedito, com a descida do estandarte. Para conferir a programação completa acesse o link.

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Festa começou a partir da promessa da matriarca da comunidade, Tia Eva. (foto: Paulo Francis)
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