Diversão

Aulas de dança criadas só para tímidos mostra que, devagar, todo mundo aprende

Aline Araújo | 08/04/2015 12:00
 curso de aula de dança voltado para as pessoas tímidas tem a duração de três meses. (Foto: Fernando Antunes)
curso de aula de dança voltado para as pessoas tímidas tem a duração de três meses. (Foto: Fernando Antunes)

Depois de alguns passos, na base do dois por dois, sozinho, em frente ao espelho, o professor anuncia aos alunos: “Agora cada um tira seu par. Não só o homem, mulher também pode escolher. Se apresentem. Pergunte para o seu par porque ele veio para a aula de dança...”. Um desafio para ir quebrando as limitações de quem não está muito acostumado com o contato com desconhecidos. A música começa e as pessoas reproduzem juntas os mesmos passos que tinham treinado sozinhas.

O curso em questão tem uma metodologia diferente porque foi aberto só para os tímidos. Tem a duração de três meses e acontece duas vezes por semana, terça e quarta-feira. A primeira aula foi ontem, e oito pessoas participaram.

A identificação com o outro que estava ali para aprender era clara, todos se sentiam no mesmo barco. A aula é leve, e quem nunca dançou acaba com vontade de arriscar os primeiros passos. 

 

Aos poucos eles foram se soltando, rindo, e comprovando na prática que dança é para todo mundo disposto a aprender. (Foto: Fernando Antunes)

"Mantenha os pés juntos", orientava o professor Davi Rosene, de 27 anos, que ensinava com muita paciência aos inexperientes e acanhados nos primeiros minutos de aula. Aos poucos, a turma vai se soltando, rindo, e comprovando na prática que dança é para todo mundo disposto a aprender.

“A arte tem essa característica de desenvolver algumas habilidades e a dança pode tirar alguns bloqueios. Os cursos tradicionais têm um ritmo ditado pela prática. Já nessa turma voltada para quem é tímido, a maioria nunca dançou e a didática é mais lenta. Quem tem dificuldade se sente mais a vontade sabendo que todo mundo tá ali pelo mesmo motivo”, comenta o professor.

Ele lembra que o curioso é que quando chegou na sala, as pessoas já estavam conversando, tentando interagir, tamanha a identificação. “O que acontece muito é da pessoa achar que é descoordenada, ou que não leva jeito para dança, mas sem nunca ter tentado. E quando chega aqui, você vê que não é nada disso”.

A aula é dividida em ritmos. Na primeira fase, os alunos aprendem um pouco do bolero e do forró. No cronograma ainda estão chamamé, vanerão e samba.

Davi está na dança desde 2007. (Foto: Fernando Antunes)

O servidor público Patrick Alves, de 27 anos, nunca tinha dançado. A convite do Davi, foi conhecer a aula e gostou da experiência.

“Quando chegue,i parecia criança no primeiro dia de aula, pensando se eu entrava ou não na sala, com vergonha. Mas depois que começou, me soltei um pouco e é ótimo. Chega a ser até terapêutico, porque você concentra todo o seu foco na dança e esquece dos problemas”, conta o aluno, que pretende continuar a aprimorar os passos.

Já a professora aposentada Cleonice Ribeiro de Souza, de 57 anos, sempre gostou de um baile, mas estava cansada do básico e resolveu recorrer ao curso para dançar melhor e aprender coisas novas.

“Há muito tempo eu estava querendo fazer aula, mas tava numa preguiça...Decidi vir para dar uma renovada, eu gosto de baile e quero saber dançar direito, não de qualquer jeito! Eu senti essa necessidade de aprender mais, depois dos 50 a gente tem disso”, fala, com muito humor.

As inscrições ainda estão abertas e podem ser feitas no Centro Cultural José Octávio Guizzo, na rua 26 de agosto 453, as aluas também são realizadas lá. Dás 18h30 às 19h30. A mensalidade é de R$70,00 e o curso tem a duração de três meses.

As aulas são às Terças e Quartas, das 18h30 às 19h30.
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