Diversão

Arquitetas estreiam festa em garagem com música, arte e projeções

Evento foi realizado pela primeira vez na garagem do ateliê "Pele e Muro", com objetivo de fortalecer a arte autoral da cidade

Thailla Torres | 05/08/2019 08:57
Na Rua 7 de Setembro, garagem virou festa com desenhos, fotografia, moda, música, projeção e muita cerveja gelada. (Foto: Thailla Torres)
Na Rua 7 de Setembro, garagem virou festa com desenhos, fotografia, moda, música, projeção e muita cerveja gelada. (Foto: Thailla Torres)

Há quatro anos, duas amigas, dois talentos e uma vontade de enorme de fazer arte onde não tinha, em Campo Grande. O ateliê Pele e Muro começou com elas, mas nunca foi só delas. Abriu espaço para todas as artes e, neste domingo, ultrapassou os limites do portão em um prédio comercial na Rua 7 de Setembro, fazendo da garagem uma festa com desenhos, fotografia, moda, música, projeção e muita cerveja gelada.

O ateliê iniciou com Natacha Figueiredo Miranda e Sol Ztt, há quatro anos, mas agora ganhou nova companhia. Letícia Maidana é a nova parceira nos projetos das amigas que trabalham diariamente com arte e lutam pela disseminação delas.

As três são arquitetas, mas atuam à frente da arte há anos. Natacha é grafiteira, vídeo mapper e muralista, Sol é tatuadora e ilustradora, e Letícia também caminha com uma linguagem própria no universo da tatuagem e ilustração.

O evento surgiu de uma ideia projetada pela três, com intuito de mostrar com simplicidade que Campo Grande tem arte e ela é independente. Em tempos de moralismo e recessão artística, isso mostra-se altamente necessário. “Esse é evento é uma confraternização para todo mundo trazer sua arte, proporcionar uma rotatividade e descobrir o que a galera da cidade está fazendo, tanto na música quanto na arte”, explica Sol.

Arquiteto Felipe Siqueira. (Foto: Thailla Torres)
Bárbara desenhou os convidados. (Foto: Thailla Torres)

O espaço não é grande, mas parece se duplicar com a parceria de quem traz mesas pequenas para expor o trabalho. Não é cobrada entrada, tem música à vontade, mas se quiser pode contribuir com o que tem para levar para casa um lambe-lambe feito por Natacha.

À esquerda, artistas mostram o trabalho autoral, à direita, Djs e músicos fazem o som. Em uma das paredes, a projeção faz do evento algo mais colorido.

No cantinho dos artistas autorais tem de tudo, poesia, desenho, fotografia, acessórios, adesivos, exposição e roupas. E não é só vontade de vender que entra no evento, é vontade de mostrar o trabalho que faz a galera sair de casa e explicar diversas vezes o que cada peça quer dizer.

O arquiteto Felipe Siqueira, de 23 anos, aproveitou o evento para vender e falar mais sobre suas colagens digitais e analógicas. “A proposta é devolver um pouco de toda aquela mídia e quantidade de imagens que a gente é submetido todos os dias. Nenhuma dessas imagens eu procurei, elas aparecem no feed. O que eu faço é pegar essas imagens e transformar, criando outra narrativa. Dentro do surrealismo, que é a proposta estética, eu reinterpreto as imagens que já existem”, explica.

Ateliê contou com trabalhos de Natacha, Sol e Letícia. (Foto: Thailla Torres)
Poesias feitas por Flaviane. (Foto: Thailla Torres)
Adesivos de Poppy. (Foto: Thailla Torres)
Poppy resolveu falar sobre gênero através dos adesivos. (Foto: Thailla Torres)

A acadêmica de Arquitetura Eliane Fraulob fez o mesmo, preparou suas melhores fotografias e vendeu a R$ 10,00, mas gostou mesmo de poder falar do próprio trabalho. “Eu comecei a fazer Arquitetura e ver que a visão do mundo vai mudando quando a gente percebe as questões sociais. Então eu comecei a tirar foto de tudo, mas só com o celular, confesso que não sei nem mexer em câmera, desde então resolvi mostrar para as pessoas o meu trabalho e vi no evento uma baita oportunidade de falar sobre ele”.

Aos 21 anos, Flaviane Nantes, diz que sempre foi levada pela importância que via em escrever. Movida pela poesia, passou a falar dos próprios sentimentos. “Consigo me expressar através das palavras, trago tudo o que tem a ver comigo, por exemplo, a relação estreita com a natureza”, explica. Em papel, adesivos e poesias são 100% trabalhadas à mão. “Tentar expor sua arte não é fácil, às vezes, desanima. Mas há um ano passei a mostrar o que eu sinto e acho importante fortalecer esse trabalho autoral”.

Poppy Carpio, de 21 anos, usa a arte para discutir sobre gênero e diversidade das pessoas através dos adesivos. “Estou fazendo Artes visuais e essa foi uma forma que encontrei de falar sobre questões importantes no mundo que ainda não são tão bem discutidas”, revela.

Natacha resume que o evento é para elas e os demais, com o objetivo de ter um engajamento com outras pessoas. “Aqui é o espaço do nosso trabalho diário, mas de vez em quando a ideia é fazer esse tipo de evento para unir e mostrar que a arte é importante”.

A próxima edição não tem data marcada, mas em breve surgirá nas redes sociais como “Pele e Muro”.

Confira fotos do evento na galeria. 

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