Consumo

Nas oficinas de conserto, agora clientes abandonam até televisor de led

Anny Malagolini | 27/04/2014 07:38
Na eletrônica “Videosap”, aparelhos são doados. (Foto: Marcelo Victor)
Na eletrônica “Videosap”, aparelhos são doados. (Foto: Marcelo Victor)

Consertar um eletrodoméstico hoje em dia é lucro, porque a maioria prefere substituir. Receber pela arrumação é outro desafio, já que muitos objetos ficam esquecidos ou são abandonados pelos donos nas oficinas. O descarte fácil não é notícia recente, mas agora até produtos novos são deixados de lado, evidenciando como consumir é algo cada vez mais forte.

Na eletrônica “Videosap”, quem se deu bem foi o proprietário. O comerciante Ademilson Constantino, de 35 anos, ganhou uma TV de led em 3D, de 47 polegadas.

Ele conta que o cliente deixou o aparelho para arrumar, mas depois de alguns meses, sem ir buscar, apenas ligou dizendo que não retiraria a TV. "Uma do mesmo modelo, nova, chega a custar mais de três mil reais, quase três vezes mais cara que o preço do conserto, que foi de R$ 1.2 mil", diz Ademilson.

DVD, televisor de tubo, liquidificador, ventilador, enfim, produtos que são usados no dia a dia são os que mais entram no ranking de produtos “esquecidos”, aponta Ademilson. Alguns dos aparelhos são antigos e o custo do conserto acaba sendo o mesmo de um produto novo na loja.

Ele explica que o espaço não comporta todos os produtos que são deixados pelos clientes, então ele dá os aparelhos a sucateiros, mesmo que estejam em bom estado. “Ou então quem ganha são os parentes e amigos”, revela.

Não há um prazo determinado para que o cliente vá buscar o aparelho que foi deixado para conserto. “Nós ligamos e avisamos que está pronto, mas às vezes esperamos por anos. Enquanto o cliente se pronuncia, a gente guarda”.

Funcionário da eletrônica “A Casa do Eletrodoméstico”, o técnico Edson Roman Baes, de 34 anos, conseguiu comprar pela bagatela de 300 reais, uma geladeira que na loja, segundo ele passa de dois mil. “Era só arrumar o motor, mas a dona dispensou ela e deu para a loja”, conta.

Ele explica que o prazo médio de espera para que venham buscar os aparelhos é de 90 dias, mas alguns acabam ficando encostado e chegam a ficar por anos na loja. Um exemplo é uma máquina de lavar de 15 quilos que está na loja há dois anos.

São tantos produtos que são “esquecidos”, que o jeito foi colocar eles em depósito e revender, para não ficar no prejuízo. Ferro, liquidificador, furadeira, são alguns dos produtos a venda e por um preço bem abaixo do mercado, a partir de R$ 30,00, dependendo do modelo.

Nesta loja, ferros, liquidificadores e até furadeiras esperam pelos donos em uma estante, na recepção da loja, mas Edson avisa que no prazo de 90 dias, se não houver manifestação, ele os colocará a venda.

 

(Foto: Marcelo Victor)
Com tanto eletrônico "esquecido", o jeito foi vender os produtos. (Foto: Marcelo Victor)
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