Consumo

Na fila pelos descontos acontece de tudo, até venda de lugar

Nadyenka Castro | 05/01/2012 18:25

Antes de colocar as mãos nos produtos, consumidores se divertem, discutem e até ganham dinheiro

Aproximadamente 50 pessoas já estavam na fila na tarde desta quinta-feira. (Foto: João Garrigó)
Aproximadamente 50 pessoas já estavam na fila na tarde desta quinta-feira. (Foto: João Garrigó)

Eles dão risada, discutem, dividem a água e cuidam do lugar um do outro, na calçada da principal via da área central de Campo Grande: a rua 14 de Julho.

Com estas características até parecem amigos. Mas não. São apenas consumidores que têm em comum a vontade de comprar produtos com preços muito baixos.

Com o copo cheio de erva-mate em uma mão e garrafa com água gelada na outra, o operador de máquinas Weverson Ribeiro dos Santos, 32 anos, é o primeiro da fila para entrar na loja Magazine Luiza

Ele chegou às 17h30min dessa quarta-feira. “Ano passado fui o sexto, agora, cheguei mais cedo e sou o primeiro”, diz. Ele divide o tereré com os colegas de ‘calçada’ e cuida do lugar de quem precisa sair para, por exemplo, ir ao banheiro.

No lugar que Weverson ocupava ano passado está a autônoma Otília Luares, 38 anos. Quando a reportagem do Campo Grande News chegou ela tinha acabado de discutir com representantes de uma loja vizinha. “A gente está aqui para aproveitar a promoção e eles ficam ofendendo a gente”, fala.

Discussões acontecem várias vezes por diferentes motivos. Até às 6 horas desta sexta-feira, quando as lojas da rede abrem - os consumidores terão muito o que conversar e ter paciência para que discussões com a cabeça quente - afinal, as temperaturas estão altas - não terminem em briga.

Até vender lugar na fila é válido. O filho de Otília, de 16 anos, ofertou o dele e outro consumidor se comprometeu a pagar R$ 200. “Ele vai receber à noite”, disse a mãe. Ela chegou ao local na noite dessa quarta-feira. A família passava pela rua 14 de Julho para ver anúncios de outra loja quando decidiu ficar.

Otília faz as necessidades e as refeições na casa da sogra, que mora na área central. Para garantir o lugar na cadeira que levou conta com ajuda da família e dos colegas. Weverson, ‘o primeirinho’, segue no seu ‘banquinho’. “A vantagem de chegar primeiro é ter tempo de escolher os melhores produtos”, afirma.

Weverson é o primeiro da fila. Ele levou o 'banquinho' e o tereré. (Foto: João Garrigó)
Consumidores se espremeram em uma das calçadas da rua 14 de Julho. (Foto: João Garrigó)
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