Consumo

Garapeiros lucram com propaganda que atrai clientes com olho maior que a barriga

Elverson Cardozo | 07/05/2013 06:53
Diferencial da garaparia é o caldo batido no liquidificador. (Foto: João Garrigó)
Diferencial da garaparia é o caldo batido no liquidificador. (Foto: João Garrigó)

A proposta é tentadora, ou melhor, desafiadora: “Pague R$ 3,00 e tome quantos copos quiser”. Estampada em letras garrafais, o texto é a propaganda de uma garaparia que vive cheia no Centro de Campo Grande, na Avenida Afonso Pena, próximo à Calógeras. A movimentação crescente chama atenção. Grande parte, dizem os especuladores, para porque tem o “olho maior que a barriga”. Promoção nunca é demais. 

“Original” ou servida com limão, tem quem consiga - não se sabe como, tomar mais de 10 copos em uma única parada. Outros, ao que tudo indica, movidos, talvez, pela gula, pagam para testar a própria capacidade, mas acabam indo embora satisfeitos com apenas uma copada.

Os proprietários, Vania Valéria, de 44 anos e o marido, Claudemir Miranda, de 40 anos, contam que muitas vezes saem no prejuízo, mas conseguem lucrar nesses “desencontros”, graças aos clientes "normais", que consomem “quantias razoáveis”.

A garaparia que oferece caldo de cana à vontade pelo preço único de R$ 3,00 existe há pelo menos 5 anos, mas há 1 está sob a direção do casal. Quando passaram a comandar o espaço, que era mantido pelo irmão de Vania, a promoção já existia. “Eu, se fosse por mim, não faria isso”, afirmou Claudemir”.

Garaparia vive cheia. (Foto: João Garrigó)

Mesmo contra vontade, marido e mulher deixaram o banner. Se retirassem o anúncio, o número de clientes poderia cair, já que, passos à frente, outro garapeiro havia implantando o mesmo “sistema de venda”. Sem saída diante da concorrência, eles resolveram manter a “estratégia de marketing”.

Hoje, a “Garaparia Amarela”, que fica ao lado de uma agência do Bradesco, é a mais conhecida do trecho entre a avenida Calógeras e a rua 14 de julho. É visível que a clientela de Vania e Claudemir supera a do concorrente, que teria “criado” a propaganda.

Mas não é só isso, justifica a proprietária. Na garaparia dela, o freguês, além de beber a quantidade que conseguir, toma o caldo batido no liquidificador. Vem daí, avaliou, parte do sucesso. “Noventa por cento dos meus clientes vem aqui por isso”, contou. “Fica bem homogênea, cremosa”, acrescentou, se referindo à qualidade do suco.

Vania Valéria conta que tem prejuízo com os exagerados, mas lucra com os "normais". (Foto: João Garrigó)

Na lista de frequentadores, os “normais” e os “exagerados”. “Tenho um cliente que toma de 12 a 15 copos. Não sei aonde cabe tudo isso porque é 300 ml cada um, mas ele toma”, citou.

O carpinteiro José da Conceição, de 49 anos, é um desses “fora da média”, mas não chega a exagerar. Toda vez que vai ao centro, para e toma pelo menos sete copos do caldo de cana. “É muito bom. São três coisas: bom atendimento, higiene e produto de qualidade”, disse, elogiando.

Comerciantes, Ana Regina, de 52 anos, e o marido, Luiz Alberto Pires, 44, são de Sonora, mas vem à Capital a cada 15 dias. Aqui, não deixam de experimentar a garapa servida à vontade.

O casal aprova o sabor, mas não menciona grande diferença das garapas vendidas em outros lugares. Luiz acredita mais que o sucesso está relacionado à “tese” do “olho maior que a barriga”. “Como é de graça, abusam”, opinou.

Copo de garapa com 300 ml do caldo custa R$ 3,00, mas cliente pode beber o quanto quiser. (Foto: João Garrigó)
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