Comportamento

Shows feitos em MS revelam caprichos, mas também humildade de grandes artistas

Wendell Reis | 26/03/2012 07:43
Maria Bethânia esvaziou andar do hotel na sua passagem por Bonito.(Foto:Divulgação)
Maria Bethânia esvaziou andar do hotel na sua passagem por Bonito.(Foto:Divulgação)

Quem assistiu o filme “Dois Filhos de Francisco” pôde acompanhar o difícil começo de carreira da dupla Zezé de Camargo e Luciano. Mais do que a história da dupla, foi possível perceber o esforço do pai para lançar os filhos ao desejado sucesso.

A história da dupla é identificada por muitos artistas, que também enfrentaram várias dificuldades para mostrar o trabalho, ganhar o sustento e, principalmente, fãs, que sustentam e definem se o sucesso continua ou termina, como a carreira de muitos que por diversos motivos, finalizou sem que eles nem entendessem o porquê.

No comando da FCMS (Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul) há bastante tempo, Américo Calheiros sabe bem a dificuldade de lidar com as “estrelas” da música, que em muitas vezes fazem a antipatia “brilhar” mais do que o iluminado talento em cima do palco.

Educado, o secretário justifica que muitas vezes o artista não é culpado e prefere atribuir as exageradas exigências à produção. Para exemplificar os apuros enfrentados em meio aos festivais produzidos no Estado, Américo recorda-se de quando teve que levar, às pressas, um banheiro químico para Bonito, com a finalidade de atender a exigência da estrela da MPB (Música Popular Brasileira), Maria Bethânia.

Algumas pessoas podem achar o fato normal, acreditando que faz parte do show. Porém, as exigências da produção da cantora, responsável por diversos sucessos - prefiro não descrever nenhum para não cometer a indelicadeza de esquecer tantos outros -, não parou por ai.

Quem acompanha a cantora sabe que ela não gosta de muitas aparições, limitando-se, inclusive, a se apresentar na grande mídia. Porém, a exigência da artista chegou ao extremo na sua passagem pelo Festival de Inverno de Bonito. A cantora, que não gosta de muito barulho, exigiu que a produção do show esvaziasse um andar do hotel, visto o barulho, principalmente de criança, pelo local. Constrangida, a produção teve que negociar com os donos do hotel para não correr o risco de perder o show e atingir o principal interessado, o público.

O exemplo da cantora é um dos, entre muitos, que Américo poderia contar, incluindo entre os exigentes, Zélia Duncan e Ana Carolina, que no corredor entre o camarim e o palco, expulsa toda a produção e os contratantes, independente de quem for, do caminho.

Ney Mato Grosso é citado como exemplo de respeito ao público(Divulgação)

Para não falar apenas de casos extremos, Américo lembra de artistas que o surpreenderam, como Lulu Santos, que classificou como “super bacana”, Jota Quest e Ney Matogrosso, a quem rasga elogios lhe incluindo entre “os mais profissionais no exercício da função de artista”.

Américo recorda-se que em sua última apresentação no MS Canta Brasil o cantor não se importou de apresentar um show intimista, onde aparecia quase nu, a um público de 60 mil pessoas. Além disso, o secretário destaca o fato do cantor ter feito um pocket show para quem passava pelo Parque das Nações Indígenas, às 15 horas, quando ele já estava no palco para fazer a passagem de som. “Teve gente que falou que viu o show duas vezes”, conta Américo.

Todos podem vir - Américo afirma que, apesar de todas as exigências, todos os artistas são convidados para se apresentar no Estado, visto o profissionalismo da produção local.

“Todos os que não vieram são prováveis”, declara o secretário ao ser questionado sobre as próximas atrações do MS Canta Brasil. Sem querer falar o nome do próximo a se apresentar, em abril, o secretário adianta que vai aproveitar um dos artistas do Festival América do Sul, que neste ano traz, entre outros, Skank e Milton Nascimento.

Américo explica que a produção faz de tudo para encaixar os espetáculos no orçamento da FCMS. Na maioria dos casos, aproveita a abertura de turnês para encaixar os artistas nas produções. Um exemplo deste encaixe é o cantor Gilberto Gil. Para driblar a dificuldade com o cachê, o secretário aproveitou a passagem do cantor por Cuiabá para fazê-lo passar por Campo Grande.

O secretário detalha que a produção da FCMS fica atenta aos acontecimentos e, principalmente, abertura de turnês, para tentar trazer os artistas aos festivais de Mato Grosso do Sul. O fato de muitas vezes os artistas se apresentarem no Festival América do Sul ou no Festival de Inverno de Bonito e vir para a Capital é justificado pela economia com condução, que permite adequar o cachê dos artistas ao orçamento local.

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