Comportamento

Em pleno Outono, Ricardo Brandão reserva cena da Primavera para si

Paula Maciulevicius | 01/04/2012 13:53
Como turista, japonês que está há 50 em Campo Grande tira foto das flores, em pleno Outono. (Fotos: Pedro Peralta)
Como turista, japonês que está há 50 em Campo Grande tira foto das flores, em pleno Outono. (Fotos: Pedro Peralta)

O corredor de flores na avenida Ricardo Brandão, e ainda um trecho da Fernando Correa da Costa, exibem uma paisagem que mais parece ter saído de um quadro ou das ilustrações da Primavera, de Cecília Meireles.

O rosa das Paineiras contrasta com o azul do céu e ainda mais com a estação conhecida por ter as flores no chão e não nos galhos.

O cenário não passa despercebido, quem vê tem a impressão de que Outono é outra Primavera, com um detalhe a mais, o frescor dos dias que caminham para a estação do frio.

As paineiras se destacam por estarem no meio da correria dos carros. No dia-a-dia do campo-grandense. Entre os semáforos que se abrem e fecham. No intervalo de uma martelada e outra, o encarregado de obras Antônio Mendonça, 52 anos, fala que reparou mesmo, depois que ouviu as pessoas comentando.

Lucimara Gomes Comissom comenta que paisagem encanta quem trabalha em meio a marteladas. “Com o vento do outono já começa a cair”.

Em meio ao trabalho com cimento e tijolos, as paineiras parecem ser o jardim de inverno do alto do prédio que seo Antônio ajuda a construir. “Quem passa é difícil reparar, mas está bonita. Tem mais de mês que está aí”, diz.

“Tem cara de Primavera, mas floriu agora. Com o vento do Outono já dá pra ver, já começa a cair”, comenta a técnica de segurança no trabalho, Lucimara Gomes Comissom, 36 anos.

A beleza das flores, contemplada pelo olhar oriental. Com jeito de turista - de chapéu, bermuda e câmera fotográfica no pescoço, Hidehiko Shakihama nos apresenta um cartão, para entender seu nome.

“Sempre tiro fotografia aqui. Está bonito e vou colocar no facebook as Ipês de Campo Grande”. O sotaque não nega, o sobrenome muito menos. É japonês legítimo e está na Capital desde 1961.

Tomo a liberdade de corrigi-lo. Dizer que não são ipês e sim paineiras. Gentilmente ele pede para escrever o nome, no verso do cartão que usou para se apresentar.

“Está lindo. Eu tiro foto porque é meu hobby. Aqui era tudo chácara, Campo Grande mudou bastante, mas ainda é cidade pequena. Arigatô”, se despede Hidehiko que volta a clicar o rosa que vislumbra.

Como poesia, o rosa das flores contrasta com a estação das folhas. (Fotos: Pedro Peralta)
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