Comportamento

"Xodó" da família, arara Pipoca até dorme na rede junto da filha

Nascida em cativeiro, a fêmea silvestre é regularizada

Raul Delvizio | 27/04/2021 09:46
Maitê faz carinho na sua melhor amiga: a arara-macau Pipoca (Foto: Arquivo Pessoal)
Maitê faz carinho na sua melhor amiga: a arara-macau Pipoca (Foto: Arquivo Pessoal)

Nascida em cativeiro, Pipoca é a fêmea da raça araracanga – conhecida também como arara-macau – que tem penugem multicolorida, mas é natural da Amazônia. Chegou à casa do economista Fernando Abrahão com 45 dias e, desde então, as cenas nas redes sociais despertam paixões e críticas.

Prestes a completar 1 ano de idade, o animal silvestre é o xodó da família, principalmente da filha Maitê, de 5 aninhos. Ao lado da sua melhor amiga e fiel escudeira, as duas até dormem juntas. O problema, admite Fernando, é explicar como um animal silvestre é tratado como pet.

Veja no vídeo:

"É uma relação super amistosa, mas também faz parte umas bicadas de brincadeira. Minha filha já está acostumada", diz.

O economista explica que entrou na lista de espera de um criatório legalizado, isto é, com autorização do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) para funcionamento.

E o valor do "presente" para a filha voou alto. "É preciso conhecer todo o histórico do criatório, conferir buscas nas redes sociais e suspeitar principalmente dos preços abaixo do mercado. Geralmente, o valor de uma arara-macau fica em torno de R$ 8 a R$ 12 mil. Preços menores do que estes, desconfie fortemente", sugere.

Ao lado do cachorro de Fernando, arara Pipoca fica "numa boa" – foi treinada para isso (Foto: Arquivo Pessoal)

Sobre as críticas sobre a criação de animais silvestres, Fernando diz que "não existe a possibilidade desse animal voltar à natureza por conta própria".

"Ela foi nascida, criada e treinada em um ambiente completamente cheio de humanos. Quando visitas aqui em casa questionam isso, eu sempre tento mostrar minha relação com o animal, que é de empatia. Pipoca é livre para voar quando quiser, mas diferente de uma ave 100% selvagem, ao chamá-la ela decide por voltar aos meus braços. É a mesma coisa que ter um cachorro ou gato em casa, porém esses animais são domesticados há séculos", justifica.

E o que os vizinhos dizem? "Como toda arara, ela também grita em determinados momentos, principalmente de manhã bem cedo. Mas, no caso de Pipoca, ela foi treinada a ser menos 'escandalosa'. Claro que, vez ou outra, ao chegar em casa e me encontrar, ela dá uns berros em invés de latir ou abanar o rabo de alegria como um cachorro faria", diz o "dono".



É preciso explicar. "Dono" pois, segundo a lei, Fernando é o fiel depositário do animal e não tem "propriedade" sobre a ave – por mais que tenha pagado por isso.

Assim sendo, as várias papeladas que tem, entre nota fiscal, comprovantes de origem e até a GTA (guia de transporte animal) para Campo Grande, o autorizam como "responsável" de Pipoca. Caso a fiscalização bata na porta de casa e os documentos não sejam condizentes, a ave é passível de ser retirada de sua "estada".

Maitê segura um pedaço de biscoito de polvilho junto da sua fiel escudeira, Pipoca (Foto: Arquivo Pessoal)

Sobre o medo de sua ave voar para longe e nunca mais voltar, ele desconsidera. "As araras são monogâmicas e por isso não trocam de pares. Elas sempre andam em grupos fechados sem se misturarem. Então, não aconteceria esse tipo de risco com Pipoca. O que me preocupa, porém, é o fato dela estar numa zona urbana, onde até os fios de alta tensão podem ser fatais. Mas isso é um risco que eu corro por ter ela", finaliza.

Fernando não pode precisar quanto tempo terá Pipoca ao seu lado, assim como a "amiga" de sua filha, mas se depender da raça araracanga é provável que seja "por pouco tempo", brinca. Em média, uma arara-macau vive de 50 a 80 anos.

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