Comportamento

Sete dias na semana, ele vive de acertar os ponteiros na rua

Ângela Kempfer | 11/12/2012 07:48
Avelino em uma segunda-feira de trabalho. (Fotos: Rodrigo Pazinato)
Avelino em uma segunda-feira de trabalho. (Fotos: Rodrigo Pazinato)

O nome dele é o mesmo de joalheria famosa na cidade: Avelino. Mas a vida é bem dura no ofício de acertar os ponteiros alheiros, de domingo a domingo, sem folga.

Na rua Spipe Calarge, a banca na rua movimentada tem uma faixa com o anúncio “Relojoeiro”. Só a cena já é digna de registro, pela diferença na paisagem. A função do senhor de 60 anos faz a história valer ainda mais em tempos de descarte fácil.

A banquinha de Avelino é bem pequena, também com alguns “serviços” extras, para os que têm uma “fezinha” no jogo.

Mas o trabalho mesmo é com os relógios. Pelo menos na manhã de segunda-feira, quando Avelino é incomodado pelo Lado B. A primeira imagem é do relojoeiro compenetrado, de olhos e mãos em um modelo novo que precisa de regulagem.

Pelo local, todas as prateleiras, pregos ou parafusos dispostos a receber algum objeto, exibem relógios de pulso, de parede e de mesa.

Há peças há cerca de 5 anos ali, abandonadas. A maioria é modelo antigo, de mais de 20 anos, “fora de moda”. “Ninguém dá muita importância porque hoje é muito mais fácil comprar outro”, explica Avelino.

Até no pulso dele o relógio é paraguaio, outra vantagem em relação ao conserto. “É muito barato quando vem do Paraguai”, lembra.

Tem dias que não aparece ninguém, mas em outros surgem 5, 6, até 8 pessoas querendo ajustar a pulseira, trocar a pilha...

Pelo serviço, Avelino cobra em média R$ 5,00 e assim vai vivendo longe dali, no Jardim Noroeste, onde vive com a esposa e os dois filhos.

Antes, ele viajava por aí comprando e vendendo semi-jóias. As viagens ficaram caras, passou a não compensar e por frequentar muitas relojoarias ele resolveu abrir o negócio. Montou a banca em um terreno baldio em 2007 e até agora não foi incomodado.

Todos os dias o relojoeiro chega às 8h e volta para casa às 17h, só nos domingos sai mais cedo, às 12h. A rotina não tem data para acabar, porque nem a aposentadoria em 5 anos deve deixar Avelino em casa. “Enquanto as mãos funcionarem, vou ter de trabalhar para viver”, explica.

Banca fica na Spipe Calarge.
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