Comportamento

Se "educar" com violência fosse solução, mundo estaria são e salvo

Jéssica Benitez | 02/06/2022 08:37
Ilustração de Joy Hwang Ruiz (@momisdrawing)
Ilustração de Joy Hwang Ruiz (@momisdrawing)

Volta e meia escrevo sobre isso, mas é que parece nunca ser suficiente. Por que cargas d'água insistem em colocar em xeque a maternidade atual? Tudo é considerado 'mimimi' ou 'mãe Nutella'. 

Não há diálogo. Todas as atitudes que temos são comparadas à criação de 20, 30, 50 anos atrás e sempre em tom de desaprovação. A cara é de desdém quando você pacientemente tenta explicar que o choro do fim de tarde é a 'hora da bruxa' ou que o uso das telas podem atrapalhar o sono, assim como a falta de cochilo durante o dia não deixa a criança cansada para que durma a noite toda e sim tem efeito contrário. Riem, né? 

Dizem que na época tal as crianças viam tevê, comiam açúcar, apanhavam e dormiam a noite toda sem chororô. Mas sabe o que é isso? O efeito do tempo. Se esqueceram como foi exaustiva a maternidade e agora julgam, dão palpite, falam pelos cotovelos a respeito de como você educa seus filhos. Fazem questão de justificar 'é por isso que essa geração tá perdida, não pode fazer nada'. 

Tudo é falta de surra, é falta de limites, é falta de respeito (leia-se medo) com os mais velhos. Para quem crescer na geração em que agressão era sinônimo de criação, tudo é excesso de colo, é excesso de zelo, é excesso de amor. 'Cuidado porque se não aprende como a vida é dura em casa, vai aprender na rua'. Ameaças veladas (ou explícitas mesmo) de pessoas que criaram filhos que retratam o mundo caótico em que vivemos hoje.

Pessoas deprimidas, doentes, cheias de ódio e insegurança. Indivíduos que reforçam discursos agressivos, disfarçados de força. E assim caminha a humanidade... para trás! Eu não sou uma mãe perfeita. Perco a paciência, dou meus berros, tenho meus surtos, mas tenho total convicção de que nunca serei a pessoa agressiva que esperam que eu seja. 

Meus filhos são e serão criados com amor, empatia e pés no chão, sem precisar, para isso, serem surrados. Parem e pensem, gente, se a forma de educação violenta (embora esse nome esteja completamente equivocado pois educação e violência não cabem no mesmo lugar) desse certo, o mundo seria o país das maravilhas, não é mesmo? Me desculpem o tom!  É que uma hora a gente cansa, mais do que já tá cansada.

(*) Jéssica Benitez é jornalista, mãe do Caetano e da Maria Cecília e aspirante a escritora no @eeunemqueriasermae.

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