Comportamento

Retrato de 1977, revela marcas de uma disciplina que hoje já saiu de moda

Thailla Torres | 02/11/2017 07:05
Registro do ensaio do mini-coral, do Auxiliadora,
 em 1977 comandado pela freira Rosa. (Foto: Arquivo Pessoal)
Registro do ensaio do mini-coral, do Auxiliadora, em 1977 comandado pela freira Rosa. (Foto: Arquivo Pessoal)

A saudade fez Katia Juliane Lopes de Oliveira, de 46 anos, voltar no tempo, depois de encontrar na caixa de recordações uma fotografia de 1977. No retrato, os minutos que marcaram a vida de meninas que fizeram parte do mini-coral, do colégio Auxiliadora, em Campo Grande.

Estar naquele degrau, cantando, era um privilégio para poucas, lembra Katia. "Não era qualquer coral. Era o principal e mais respeitado da cidade. Só cantava ali quem passava pelo crivo da irmã Rosa, uma freira rígida, disciplinada e muito criteriosa com a música".

Na fotografia, além de Katia, estão as amigas que eram da mesma classe, na segunda série do fundamental. O corte da roupa, o cuidado com os cabelos e estilo são características de um tempo em que as regras eram cumpridas. Por isso, o cuidado era ainda maior.

"Para esse uniforme com camisa branca, calça marrom e laço, usávamos um mocassim marrom, que à época só vendia em dois lugares da cidade. Ou seja, tinha que cuidar para nunca faltar. Quando era vestido, o sapato era um tênis branco que precisava estar impecável", descreve.

No coral, Kátia e as amigas tinham toda admiração. "Íamos como verdadeiros bibelôs, nos sentíamos como embaixadora da escola e acabava carregando essa aparência com muito orgulho".

As meninas passavam um período no mini-coral até que fossem evoluindo na voz para ter lugar no coral da escola. Atividade que fazia parte da grade escolar e era reconhecida em todo Estado. "Nós participamos das missas de domingo que eram transmitidas pela TVE (TV Educativa), fomos convidadas para aberturas de congresso e eventos". 

E durante o crescimento, as amigas compartilhavam da mesma emoção. "Tínhamos ensaios semanais e aulas de canto, mas cada apresentação dava borboletas no estômago de tanta ansiedade. Era o momento de mostrar o talento a família e passar pela aprovação das freiras". 

E foi justamente a educação rígida e disciplinada daquele tempo que fez Kátia guardar na memória os melhores sentimentos pela escola. "Naquela época era uma escola grande, só tinha meninas e tudo pra gente era novidade. Mas conhecemos um lugar onde o respeito existia, bons modos vinha de casa e bom dia era mais do que gentileza. Por isso só mantive boas lembranças", lembra.

Atualmente, como jornalista e professora, Kátia vê na fotografia, um respeito, que para ela faz falta na geração de hoje. "Sobre as regras? Nunca achei que era demais. Sinto que a disciplina nos fazia aprender mais e a educação vinha de casa. Hoje, a situação é diferente, virou bandalheira. O que professores sofrem hoje em sala de aula, pessoa nenhuma merecia sofrer. E ainda acham que só a escola tem obrigação de educar, mas isso deve ser um trabalho em conjunto, que venha do lar para a escola", acredita.

E para matar a saudade, Kátia lembra em seu #TBT, alguns nomes que fazem parte do retrato e deixaram saudades. "Além de mim, que eu me lembre, estão na foto: Andry Jeane, Marcia Chiad, Sandra Marina Duailib, Ana Cristina Ishikawa,Danuza Cespede Guizzo, Ana Cristina Bandeira, Maria Auxiliadora Budib, Rosana Carla, Greice Abdul, Sandy Fontoura e Christiane Possik Salameni"

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