Comportamento

Possível ou não, Cubo da Verdade quer conscientizar e guiar público ao veganismo

Por aqui, a manifestação é organizada desde agosto e já está na 5ª edição

Danielle Valentim | 28/10/2019 06:58
As imagens fortes na tela e o fato de os ativistas estarem mascarados já chama a atenção de quem passa. (Foto: Paulo Francis)
As imagens fortes na tela e o fato de os ativistas estarem mascarados já chama a atenção de quem passa. (Foto: Paulo Francis)

Bacon é vida! Mas é vida para quem? Ativistas veganos fizeram uma manifestação diferente no Belmar Fidalgo, neste domingo. Conhecido como Cubo da Verdade, o movimento foi criado na Austrália, pelo grupo Anonymous for the Voiceless, que traduzido seria Anônimos Pelos Sem Voz. A ideia é escolher um local na cidade e permanecer parado até a curiosidade das pessoas dar “start” a uma conversa.

Os participantes seguram notebooks com gravações de práticas locais de exploração animal. As imagens são o impulso para o início de uma conversa. Sem hipocrisia, o grupo admite as dificuldades para se adotar o estilo de vida, mas listam alternativas possíveis.

As imagens fortes na tela e o fato de os ativistas estarem mascarados já chama a atenção de quem passa. Mas se trata uma manifestação pacífica estática, semelhante à uma performance artística.

Um interessado parou para assistir.
Normalmente o cubo ganha mais participantes.

Vegano há menos de um ano, o acadêmico de publicidade e propaganda Leandro Julião Coelho, de 22 anos, trouxe o Cubo da Verdade para Campo Grande, em agosto.

“Eu entrei em contato com os fundadores, com a intenção de trazer a manifestação para Campo Grande. A organização se Anonymous for the Voiceless, mas o ato se chama Cubo da Verdade. Hoje não parece um cubo, por causa da quantidade de pessoas, mas o ideal é que seja feita no mínimo um cubo simples com quatro pessoas”, explica.

Leandro pontua que o grupo está mostrando uma informação que não é divulgada para a sociedade. “Não sabemos como é o processamento dos alimentos que chegam a nossa mesa. É como se a única crueldade contra animais fosse o praticado com os pets e que o manejo dos animais para a alimentação, vestimenta, cosméticos, limpeza ou entretenimento fosse normal. Temos essa visão, porque ela imposta pela indústria”, frisa Leandro.

 

O jovem explica que a manifestação foi criada com o intuito de conscientizar, mas também saber a opinião das pessoas. Porque se a população não sabe o que acontece, ela não pode ter uma opinião formada sobre isso. O grupo apresenta a proposta, questiona a opinião e em seguida orienta com alternativas. “Queremos causar reflexão nas pessoas. Tanto que uma das regras é não chamar ninguém para conversar. Estamos aqui para mostrar a verdade e se as informações fazem sentido para elas, tentamos incentivá-las a mudar de hábito”, ressalta Leandro.

A diretora de arte Ana Paula Mavigener Marques da Silva, de 34 anos, é vegana há seis anos. Ela garante que opções para seguir uma vida longe da crueldade animal são o que não faltam.

“Há produtos bonitos sem couro. Muitas alternativas. Grandes empresas já oferecem do produto mais caro ao mais barato. A Skala, por exemplo, é uma marca cosmética baratinha e não testa em animais. Até em Campo Grande, uma capital ruralista já é possível achar. Seara, Batavo, Helmans, diversas empresas grandes já se ligaram que é necessário atender a todos. Tem uma feira todo sábado que se encontra tudo para o veganismo”, frisa.

Ana Paula perdeu a mãe vítima de um câncer. Ela lembra que a primeira coisa proibida pelo médico foi a carne e o segundo nos desodorantes aerossóis. A integrante do movimento ressalta que método de conscientização não força ninguém.

“Nós mostramos vídeos de verdade. Imagens que a indústria não mostra. Tentamos conscientizar as pessoas e provocar uma reflexão sobre se é necessário ou não aquela crueldade. Algumas pessoas se interessam mais, cada um flui de um jeito. Mas nós não chamamos ninguém”, pontua.

 

A assistente jurídica Greice Maciel, de 35 anos, pontua a importância de divulgar temas como esse. “Tem que ser divulgado porque muita gente nunca viu o acontece nos bastidores”, pontua.

Em apenas dois meses, o Cubo da Verdade de Campo Grande já tem 14 participantes ativos e às vezes outros voluntários. Ao todo, 19 Estados organizam os cubos em cidades. O grupo começou as atividades em agosto e ainda não tem um balanço sobre o retorno, mas trabalho é de boca em boca.

“Eu comi carne por muito tempo, por falta de conhecimento. E também não serei hipócrita em dizer que parei de comer porque não gostava. Mas o primeiro passo tem de ser dado. Pelo menos tentar parar aos poucos, ir trocando. O ideal seria que fosse de uma vez, mas ao meu ver dá para ir reduzindo aos poucos até chegar ao patamar”, finalizou Ana Paula.

No próximo dia 2 de novembro um evento mundial do Cubo da Verdade acontecerá na Praça dos Imigrantes, onde também acontece a Feira Vegan. O evento começa às 18h30 e se encerra às 20h30.

Curta o Lado B no Facebook e Instagram.

Nos siga no