Comportamento

Para não deixar Maria Eduarda só, voluntárias viram família dentro de hospital

Grávida, a mãe saiu de Maracaju para internar Maria e acabou entrando em trabalho de parto longe da família, sem ter quem cuidar da menina.

Thailla Torres | 02/02/2019 07:15
Miguelita é missionária e, quando soube de Maria de Eduarda, foi correndo fazer companhia para a pequena. (Foto: Marina Pacheco)
Miguelita é missionária e, quando soube de Maria de Eduarda, foi correndo fazer companhia para a pequena. (Foto: Marina Pacheco)

“Não tenho palavras para descrever o que sinto, mas sei que ganhamos uma nova família”. A frase dita com um sorriso é de Andressa Farias de Souza, de 22 anos, em um leito do Hospital Universitário. No HU, ele encontrou apoio e amparo à filha Maria Eduarda, de um ano, no momento que não tinha a quem recorrer.

No dia do seu aniversário, 31 de janeiro, ele deu a luz, sem ninguém da família por perto. No último domingo, a dona de casa saiu de Maracaju, no sul do Estado, e percorreu 160 quilômetros até Campo Grande, porque a filha não passava bem e precisava ser internada. Andressa estava na 39ª semana de gestação, mas não tinha previsão de nascimento para esta semana. No entanto, ao internar a filha, a mãe entrou em trabalho de parto.

Maria foi internada no domingo e, na quinta-feira, o irmão Luan veio ao mundo. Com a mãe na maternidade, sem nenhum familiar por perto, funcionárias, mães e voluntárias do hospital se mobilizaram para cuidar de Maria na área pediátrica, enquanto Andressa permanecer internada.

Andressa ganhou Luan, mas, precisa de ajuda para sair do hospital. (Foto: Marina Pacheco)

“Fiquei desesperada”, diz. “Vim sozinha a Campo Grande para cuidar da Maria e acabei deixando ela sozinha. Mas quando entrei em trabalho de parto descobri que no hospital havíamos feito uma nova família e as funcionárias começaram a nos ajudar”.

Enfermeiras e mães se revezam para cuidar da Maria. Na manhã desta sexta-feira, quem saiu de casa para ficar o dia todo com a pequena foi a missionária Miguelita Ribas Cristaldo, de 38 anos. Ela visita o hospital toda semana para levar sorriso, abraço e uma palavra de fé aos pacientes que lutam pela recuperação.

“Quando me falaram que a Maria Eduarda estava aqui eu vim correndo. Cheguei e outra pessoa já estava cuidando dela. Hoje, vou ficar o dia inteiro”, conta Miguelita, enquanto ajuda a enfermeira no banho da criança.

Maria é alegria da vida de Andressa que enfrenta uma verdadeira jornada pela sua sobrevivência desde o nascimento.

Ela nasceu em março de 2017 e, depois de complicações no parto, virou uma resistente. Ela teve anoxia neonatal, ausência de oxigênio do recém-nascido. “Ela demorou muito para nascer. Era para ser cesárea, mas no hospital o doutor falou que eu aguentava. A enfermeira apertou bastante minha barriga e a Maria nasceu. Mas veio sem vida e demoraram 50 minutos para reanima-la”, conta lembrando-se do nascimento ocorrido em Nova Alvorada do Sul.

Ainda nas primeiras horas de vida, Andressa e Maria encaram uma viagem até Campo Grande para a internação. “Mas foi só aqui, no HU, que os médicos me explicaram tudo o que tinha acontecido. Foi um baque muito grande, porque a gente tem sonhos para um filho e, ao saber das sequelas, fiquem em choque.”

Até as unhas da pequena estão feitinhas. (Foto: Marina Pacheco)

A menina passou mais de um ano internada no hospital, onde Andressa conheceu muitas mães e profissionais que se encantaram com a força de Maria. “Com tanto tempo aqui dentro todo mundo acabou nos conhecendo. Quando ela teve alta, as enfermeiras disseram que iam sentir saudade”.

Mas o que ela não imaginava era a corrente do bem para que Maria não ficasse sozinha nesta nova fase da família. “Cuido dela sozinha em Maracaju. Então, quando vim, imaginei que fosse ficar ao lado dela o tempo todo, mas de repente o Luan nasceu”.

Com o filho nos braços, ainda sem alta médica, Andressa tem matado a saudade de Maria por telefone. “As meninas mandam fotos no WhatsApp e eu fico olhando o rostinho dela, mas não vejo a hora de abraça-la”.

Para dona Miguelita, o tempo dedicado à Maria tem um valor inestimável. “Eu faço de coração. Cuidar dela me faz sentir viva e é uma alegria fazer algo pelo próximo. Isso prova que cada um pode fazer algo pelo outro, nem que seja um pouquinho”.

Andressa, Maria e Luan agora precisam voltar para casa, mas as crianças precisam de ajuda. “Qualquer doação é bem vinda, principalmente, fraldas. Porque Andressa não consegue trabalhar no momento, ela dedica todo seu tempo a Maria, que necessita de cuidados especiais”.

Serviço – Doações podem ser feitas no Hospital Universitário ou na conta da Caixa Econômica Federal na Agência: 2485, operação: 023 e conta Caixa Fácil: 1129-3 em nome de Andressa FDE Souza.

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