Comportamento

No quintal, neta emociona ao aparecer de noiva para avós que não viram casamento

Paula Maciulevicius | 17/12/2016 07:05
Jacque e Diogo com os avós dela, seu Temisto e dona Maria Raquel, no quintal da casa deles. (Foto: Junior Mohr)
Jacque e Diogo com os avós dela, seu Temisto e dona Maria Raquel, no quintal da casa deles. (Foto: Junior Mohr)

Dona Maria Raquel e seu Temisto não acompanharam a neta no altar, mas tiveram a felicidade de vê-la de noiva, de surpresa, um dia depois do casamento, no quintal de casa, exatamente debaixo do pé de romã onde a Jacqueline quando menina, tanto aprontava. Seu Temisto tem Alzheimer, já sai muito pouco de casa e como a neta cresceu com eles e a doença permitiu dar uma trégua, o avô a reconheceu vestida de branco.

Foi para tê-los no álbum, junto dela de noiva, que Jacqueline saiu de Campo Grande para Terenos levando o marido Diogo e o amigo, padrinho e fotógrafo. "Sempre gostei de passar as férias na casa deles. Fui uma neta bem "santa", que adorava dar susto na minha avó", conta a estudante de Engenharia, Jacqueline da Silva de Oliveira, de 24 anos. 

O pé de romã que serviu de cenário para os registros faz ela voltar no tempo. Era ali, entre várias plantas altas e um pé de maracujá que ela gostava de se esconder e se mantinha em segredo mesmo com a avó cansando de chamá-la. "Quando ela parava, eu entrava dentro da casa na ponta do pé para dar um susto nela", lembra aos risos.

O avô era desalojado do próprio quarto para que a neta dormisse na cama deles. E antes, as duas rezavam juntas o terço que era dedicado aos filhos e netos de Maria Raquel. "Também adorava um balanço que tinha no pé de manga e a minha avó falava que não era para rodar, porque ela tinha medo de arrebentar, mas eu nunca obedecia".

Cena que os avós não viram, dela entrando na igreja com o pai. (Foto: Guilherme Calazans)

O casamento foi o dia 15 de outubro, os avós são por parte de pai e dona Maria Raquel ficaria bem sentida de não ver a neta de noiva. Como o aluguel do vestido ainda estava dentro do prazo, eles foram até a casa dos avós, depois do almoço de domingo.

"Não falei que levaria o vestido. Cheguei lá para tirar a foto e coloquei. Ela ficou bem emocionada, com os olhos cheios de lágrimas", descreve a neta. Foi como se a avó tivesse tido a chance de vê-la no altar. E o avô, mesmo com Alzheimer, estava num dia de memórias. "Ele estava muito bem. Foi uma sensação maravilhosa", completa. 

O fotógrafo não tinha em mente uma paisagem ou lugar para as fotos. Mas se apaixonou quando viu o quintal que traz tantas lembranças à família brindado pelo luz do sol no fim do dia.

"A luz estava incrível, o sol baixando e foi quando eles me perguntaram: onde a gente vai fazer essas fotos? E eu respondi: ué, olha aqui e mostrei o lugar. Além de bonito, era muito significativo na vida deles", narra o fotógrafo Junior Mohr, de 29 anos. Amigo do noivo, os dois estudaram juntos da 2ª série até o final do Ensino Fundamental. 

E no altar, perante todos os convidados. (Foto: Guilherme Calazans)

Por morarem em Terenos e dona Maria Raquel já não conseguir compreender muito bem uma conversa por telefone, o Lado B fica com o sorriso dela como resposta ao que achou de ver a neta casada.

E se hoje a sensação da neta é de realizada por ter ganhado a benção da avó no quintal de casa, imagina quando os anos passarem e a lembrança estiver na fotografia? "O poder da foto é incrível, ele não só faz você relembrar daquele momento, como traz de novo toda aquela carga sentimental que você teve ali", explica o fotógrafo. 

"Foi mesmo como se ela tivesse a oportunidade de me ver. Ela é muito importante na minha vida e como eles não puderam ir, eu fico muito feliz de poder proporcionar isso para eles", resume Jacque. 

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Mas avós assistiram ensaio ali, debaixo do pé de romã, bem de pertinho e sob a incrível luz do sol. (Foto: Junior Mohr)
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