Comportamento

No lugar de revista e mão na parede, PM usa piano contra violência nas escolas

Sargento pontua que o combate à criminalidade devem ser duro, mas que interação com música faz parte do trabalho

Danielle Valentim | 30/04/2019 08:29
Sargento Ronei e parceiro ao piano em uma das escolas estaduais atendidas. (Foto: Arquivo Pessoal)
Sargento Ronei e parceiro ao piano em uma das escolas estaduais atendidas. (Foto: Arquivo Pessoal)

A adolescência é fase complicada e mostrar o melhor a ser feito não é tarefa fácil. Um trabalho de quatro policiais do 1º batalhão da PM de Campo Grande tem se consolidado e provado por “a” mais “b”, que ganhar a confiança é melhor que oprimir durante o combate a criminalidade nas escolas. O uso da música como lazer, principalmente, do piano foi uma descoberta e tanto.

A equipe da Ronda Escolar formada pelo sargento Ronei e cabos Samuel, Jairo e Fábio iniciou o policiamento em 12 escolas públicas e cinco particulares, em maio de 2016.

“Tudo começou no dia 5 de maio de 2016, às 15h44. Era uma quinta-feira e a equipe foi chamada para o seria mais uma ocorrência de rotina. No local, um terreno, alunos fumavam baseado [maconha] em horário de aula”, pontua.

O policial ressalta que todos foram levados à delegacia, mas percebeu que algo a mais precisava ser feito. Em gravação, Ronei conta que depois desse dia o trabalho do 1ºBPM nunca mais foi o mesmo.

“Uma equipe foi criada para se especializar no combate à criminalidade na comunidade escolar, mas descobrimos que as escolas já estavam em guerra há muito tempo e estavam perdendo”, frisa.

A equipe foi recebida com muita alegria e uma rede de contato foi criada.“Vimos naquele momento que cada um estava em seu quadrado. Os professores se preocupavam, apenas, com a educação”.

A equipe fez um verdadeiro limpa dentro e fora das escolas. De traficantes que emboscavam alunos à estudante que aliciava outros jovens em troca de drogas. Eram tantos encaminhamentos que a Polícia Civil já conhecia a matrícula dos policiais militares da Ronda Escolar.

“A lista incluía “valentões” que intimidavam alunos e professores, flanelinhas que constrangia que tentava estacionar próximo à escola, e até gente que queria ganhar a vida roubando alunos”, pontou.

Nova batalha – Mas o sucesso da repressão não tem sentido se os policiais fossem vistos como inimigos. Para Ronei, o combate à criminalidade deve ser duro e com tolerância zero. No entanto, a interação com os adolescentes da escola pode ser somada a brincadeiras e música.

“A polícia era amiga e todo mundo precisava enxergar isso. Você não é amigo de quem você não confia e você não confia em quem você não conhece. Nós tentamos interagir o máximo com a comunidade escolar durante as visitas, então tocamos violão, piano, gaita, brincamos com os alunos”, disse.

Na tentativa de ganhar as escolas, as escolas ganharam os policias, que passaram a trabalhar com mais vontade e conquistando objetivos. Mas escola não é feita só de dirigentes, as mentes e simpatia dos jovens precisavam ser ganhas e para isso os PMs deixaram o orgulho em casa e passaram a atuar com muito sorriso e olho no olho.

“Adolescente não é bobo e precisa de respeito. Mostrar o lado certo da vida é uma tarefa difícil porque as heranças sociais negativas de hoje me dia estão por todo toda a parte. É preciso descontrair, abraçar, sorrir e demostrar o lado bom da vida. A constância, presença e exemplo vão criar, inevitavelmente, a admiração e simpatia de toda a comunidade estudantil”, frisou.

Ronei ressalta que o policiamento escolar está se consolidando como uma ação de sucesso em toda a comunidade escolar do 1ºBpm da área central de Campo Grande. “Nosso objetivo é ser referência nacional de eficiência em conjunto com a direção das escolas no que se refere a segurança pública das escolas”, finaliza.

Assista algumas das descontrações:

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