Comportamento

Na Vila Sobrinho, casa tem gruta aberta aos devotos de santa paraguaia

Anny Malagolini | 24/04/2014 06:47
Aurélia Gomes Novaes mora na Vila Sobrinho. (Foto: Cleber Gellio)
Aurélia Gomes Novaes mora na Vila Sobrinho. (Foto: Cleber Gellio)

A casa da aposentada Aurélia Gomes Novaes, de 78 anos, não precisa de cães de guarda, ou cercas elétricas. A proteção ali é na base da fé, com a imagem de Nossa Senhora do Caacupê na varanda.

Desde que chegou a Campo Grande, há mais de 50 anos, ela, que nasceu e foi criada em Ponta Porã, trouxe para a capital a tradição e a crença, que começou ainda na infância, pela santa de cabelos longos. A aposentada construiu uma gruta em casa para acolher a imagem da santa, padroeira do Paraguai. Hoje, é famosa no bairro, e não apenas entre os conterrâneos.

O sotaque “brasilguaio” ainda é forte, assim como a devoção que a aposentada carrega. Segundo ela, o documento de compra da casa em que mora sumiu, e no desespero, em troca de proteção, prometeu à santa que deixaria sua casa aberta para visitas de fiéis até o fim da vida. “Foi ela que me ajudou a ter o terreno”, conta.

 

Aposentada é devota da santa desde menina. (Foto: Cleber Gellio)

Há mais de dez anos, a casa foi aceita pela comunidade católica de Campo Grande e a cada 15 dias são realizadas missas, com padre e fiéis. As cadeiras são emprestadas de vizinhos, tudo na simplicidade. A intenção mesmo é a reunião daqueles que têm fé e acreditam na palavra cristã.

Além da imagem de Caacupê, também há uma de Nossa Senhora Aparecida. As duas são rodeadas por flores feitas pela própria aposentada, para enfeitar o altar. Aurélia conta que todos os dias mantém o mesmo ritual. Antes de dormir, a santa é guardada e, assim que acorda, ela volta ao lugar. "Já levanto da cama e quando acordo uno as mãos e faço uma oração a ela", conta. 

No aniversário da virgem, comemorado no dia 8 de dezembro, assim como a tradição do Paraguai, a aposentada abre as portas de casa para os fiéis, e oferece a eles na hora do almoço comida tipicamente paraguaia, como sopa, chipa e “Vori Vori”, um ensopado com farinha de milho, carne e ossos.

Segundo Aurélia, nesse dia, cerca de 500 pessoas passam pela sua residência para pagar promessas ou fazer pedidos à santa.

História – Segunda os devotos, a imagem da virgem surgiu com um índio guarani em fuga. Por ter se convertido ao cristianismo, pediu proteção a virgem, e se escapasse, prometeu que iria escupir a santa em madeira.

A próxima missa acontece nesta sexta-feira (25), às 19 horas. A casa fica na rua Ricardo Franco, 1.115, Vila Sobrinho.

(Foto: Cleber Gellio)
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