Comportamento

Na festa de São José, quem acha aliança no bolo tem esperança de reatar namoro

Paula Maciulevicius | 19/03/2014 23:54
Das 600 fatias, 556 já haviam sido vendidas até a noite do encerramento das festividades para São José. (Fotos: Marcos Ermínio)
Das 600 fatias, 556 já haviam sido vendidas até a noite do encerramento das festividades para São José. (Fotos: Marcos Ermínio)

Para voltar com a ex-namorada e pedi-la em casamento, o motorista Wagner Luiz Cabral, de 21 anos, apelou para São José. Em Campo Grande, a função de santo casamenteiro parece estar dividida entre Santo Antônio e São José. No encerramento das festividades em homenagem a São José, um bolo de 1,90m de altura e recheado de alianças era disputadíssimo na igreja, no Centro da Capital. Das 600 fatias, 556 já haviam sido vendidas. Com dois convites nas mãos, Wagner olhava atento para ver se as chances de a aliança ser dele não estavam diminuindo com o passar de gente na fila.

“Eu vou pegar. Eu quero casar”, disse ele ao Lado B. Meio tímido. De poucas palavras. Enquanto respondia às perguntas, Wagner olhava angustiado para as fatias de bolo. Sem saber qual seria a sua sorte. “Não tenho namorada, mas está valendo, ainda mais quando o desejo é grande”, respondeu quando lhe foi perguntado se era solteiro.

Dois meses depois do término, rapaz tenta voltar com ex-namorada para casar.

O rapaz contou ter terminado um relacionamento há dois meses. Da ex-namorada, prefere não entrar em detalhes, só diz que se pegar aliança, volta e casa. “Estou tentando voltar há muito tempo. Moramos juntos por 17 dias”, descreve.

A história do casal parece ter sido amor à primeira vista. Wagner conheceu a jovem em uma festa na casa dele. Ela chegou com outras meninas a convite de um dos amigos. “Quando ela entrou, a foi a única que eu reparei, que eu conversei”, conta.

Da ocasião ele se lembra até do vestido que a menina usava. “Eu gosto de sertanejo e ela estava com um vestido da Thaeme, da dupla Thaeme e Thiago”. Ele disse que a partir da festa a história foi indo. Entre idas e vindas, não do relacionamento em si, mas de mudanças de cidade. “Fui morar em Camboriú, depois voltei e encontrei ela”.

Sobre o que levou ao fim do relacionamento, Wagner não comenta. Assume que pisou na bola não dessa vez, mas no passado e que só quer viver junto. “Os amigos em comum dizem que não tenho mais chance, mas estou fazendo de tudo, não é? Sou apaixonado por ela, fui descobrir muito tarde”.

Responsável pelo bolo, o casal Alfredo Okumoto, de 64 anos e Ercília Okumoto, de 63, foi quem trouxe a ideia das alianças para a Igreja São José. “Santo Antônio que diz que é casamenteiro, mas a gente trouxe porque São José é padroeiro da família. E olha que aqui tem muito mais casamento. Tem sábado que chega a ter três e lá quando tem, é um só”, explicam os dois.

No quinto ano de bolo, no meio do recheio estavam 19 pares de alianças, entre semijoias e peças de ouro puro, fruto de doação. “Três que tiraram a aliança casaram aqui, tenho isso comprovado. Uma não tinha nem namorado e eu vou ser o padrinho do casamento dela”, completa Alfredo.

A noiva em questão é a nutricionista Kedma Souza Magalhães, de 23 anos. “Eu tinha feito um pedido, que se fosse para eu encontrar uma pessoa, que São José ajudasse. No caso eu já tinha perdido as esperanças e eu prometi que se eu encontrasse as alianças, ia dar de presente para os meus pais”, conta. À época o casal comemorava bodas de prata. “Foi uma benção dupla, além de conseguir meu noivo, eu pude dar a aliança para os meus pais”. Kedma se casa, na igreja São José, no dia 14 de junho.

Wagner saiu da fila com um pedaço de bolo nas mãos para comer na hora e outro para mais tarde. Talvez não tenha sido dessa vez, que São José tenha atendido ao pedido dele.

Talvez não tenha sido dessa vez, que São José tenha atendido ao pedido dele.
Nos siga no