Comportamento

Na feira, roda de conversa fala de sexualidade cristã, mas plateia fica tímida

É difícil falar sobre o tema sem criar um tabu, preconceito e gerar discurso de ódio

Alana Portela | 22/04/2019 08:05
Várias pessoas participaram do roda de conversa sobre sexualidade na Feira Central (Foto: Paulo Francis)
Várias pessoas participaram do roda de conversa sobre sexualidade na Feira Central (Foto: Paulo Francis)

No vai e vem de uma noite na Feira Central, a roda de conversa propõe a discussão sobre relacionamento e sexualidade cristã. Mas pelo tema já dá para imaginar que o debate não vai ser tão aberto quanto o assunto exige ser. A plateia fica tímida, quase sem nenhuma pergunta para as mediadoras, Débora Mariano do Ministério Deep 5 e Amanda Secco da Igreja Morada. A questão entre quatro paredes ainda é tabu pesado entre quem não sabe lidar com fé e desejo sexual ao mesmo tempo.

“Aquele que quer trazer o filho para o ensino cristão, às vezes, tem algumas dúvidas sobre o tema e como proporcionar isso sem criar nenhum tabu, preconceito e sem trazer o discurso de ódio. Como orientar de uma forma mais livre e responsável, de modo a proteger as crianças das situações de riscos”, diz Débora a respeito do debate.

O assunto é um tanto quanto polêmico, visto que quando mistura sexualidade e religião, muitos ficam receosos em falar, por medo de serem julgados, diz Débora. No entanto, ela insiste na discussão, inclusive, sobre o sexo antes do casamento. “Cada um é livre para fazer o que quer, no Brasil não é contra a lei fazer sexo antes do casamento. Não é ilegal, desde que ocorra com o consentimento de ambas as partes”, destaca.

Débora relata que as dicas são dadas de acordo com o desejo da pessoa. “Se quer orientação bíblica, traremos dentro daquilo que deseja saber. A pessoa é livre para fazer o que quer."

Mas não adiantou, apesar da roda de conversa ter sido realizada justamente para tirar dúvidas e fazer alguns apontamentos, poucas pessoas se sentiram à vontade para interagir com as mediadoras.

“Foram poucas as dúvidas, mas as perguntas foram mais voltadas a curiosidade do que é o trabalho. Recebemos algumas perguntas, principalmente de pais querendo ter uma orientação, devido os filhos”, contou. Para Débora, o fato de falar sobre sexo e religião não dificulta o bate-papo.

“Acredito que não é difícil para todas as pessoas debaterem, mas não somos ensinados a falar sobre certas coisas. Em casa, não se fala sobre dores, sexualidade, o que pode e não pode, limites. Quando a família consegue criar na criança um senso de segurança, respeito e amor, elas crescem livres para conversar, independe se o indivíduo está dentro ou fora de uma igreja”, afirma a mediadora.

“Existem pessoas fora igreja que os pais conseguem trazer o assunto para elas. Faz orientações, ensino, segurança, amor e respeito. A Amanda comentou que só foi beijar o marido quando estava no altar. Ela trouxe essa experiência dessa proposta de santidade”, relata Débora.

Débora Mariano foi a mediadora do bate-papo e passou orientações para a plateia (Foto: Paulo Francis)

Papo aberto - Outros temas abordados na roda de conversa, foram abuso sexual e violência doméstica. A ideia das duas é mostrar que estão abertas a receber relatos de vítimas, ou, pelo menos, orientar. “Como resolver questões, por exemplo, de uma pessoa que sofreu abuso e como lidar com isso na vida adulta, são dificuldades que os indivíduos passam e que, muitas vezes, não sabem lidar com isso”, explica Amanda.

Para o representante comercial, Ederson Marcos, 41, que assistiu a roda de conversa, é importante que os adolescentes estejam preparados para discutir o tema. “O assunto é interessante ser abordado. Trabalho com isso dentro de uma igreja, poucas pessoas debatem com qualidade. É necessário acompanhar os casais”, disse.

Ederson também acredita que o tema não é complicado de ser debatido, contudo falta atitude. “Muitos não têm coragem de falar. Não é um tema complicado de ser abordado, mas é preciso conquistar a confiança primeiro”, declarou.

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