Comportamento

Motorista poderia ter fugido sem ninguém ver, mas deixou bilhete que surpreendeu

Ângela Kempfer | 09/02/2015 18:02
Bilhete no para-brisa do carro.
Bilhete no para-brisa do carro.

A cena é de irritar qualquer pessoa. Mas para o advogado Felipe Epelbaum, encontrar o retrovisor quebrado ao voltar para o carro acabou despertando sentimentos nobres. A maior surpresa nem foi o estrago, e sim um bilhete deixado pela responsável pelo prejuízo.

Na mensagem, a motorista que acabou com o retrovisor pedia desculpas e informava o número do telefone para que pudesse pagar pelo estrago. Uma atitude tão simples e, ao mesmo tempo, tão difícil hoje em dia, que deixou Felipe até contente.

 

Retrovisor quebrado.

O recado ficou preso ao para-brisa do Nissan Sentra, estacionado na rua Maracaju, em frente à casa de Felipe, no início da tarde de hoje. “Estava saindo para ir ao supermercado, até achei que o bilhete era uma multa”, lembra.

No papel, a motorista explicava: “Por favor, entrar em contato, pois quebrei o seu espelho sem querer”, sem esquecer de deixar o número do celular na sequência. “Nem deu tempo de ficar bravo. Sai sorrindo”, conta.

O que poderia acabar como outras vezes, ganhou valor extra pela atitude de rara honestidade. “Já tive o retrovisor quebrado 4 vezes e as pessoas sempre sumiram...Desta vez, como o retrovisor é elétrico, acho que eu ia pagar entre 300 e 400 reais para arrumar”, comenta o advogado.

Felipe também fez questão de escrever sobre o caso no Facebook e a repercussão foi imediata. “É estranho né. As pessoas tinham de noticiar o caso de gente que acaba com o retrovisor do outro e foge, isso devia ser a exceção, mas acontece ao contrário. Uma atitude correta, que deveria ser comum, acaba sendo uma raridade”, avalia.

Feliz com a atitude de uma pessoa que ele nem sequer conhecia, o rapaz telefonou não só para cobrar, mas para agradecer pelo respeito. “Disse obrigado primeiro e garanti que vou ser honesto também ao fazer o orçamento do reparo”, afirma.

A motorista envolvida no acidente é uma farmacêutica de 52 anos, evangélica, mãe de 2 filhos, que preferiu ter o nome preservado. “Eu estava procurando uma vaga para estacionar e quando vi acabei com o espelho do rapaz. Fiquei desesperada, esperei um pouco, mas como tinha uma reunião, resolvi deixar o bilhete”, explica.

No caso dela, a surpresa veio com o interesse pela história. “Para você ver né, como estão faltando princípios básicos. Como falta aquele ensinamento mais básico de Deus: amar ao próximo como a ti mesmo.”

Para a farmacêutica, inaceitável é quando o simples fato de alguém se colocar no lugar do outro deixa as pessoas boquiabertas. “O bem sempre volta. Só o fato de você dormir bem com sua consciência já é um retorno”, ensina.

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