Comportamento

Mesmo com vida difícil, jovens acham cheque de 4 mil na rua e devolvem ao dono

Ângela Kempfer | 03/10/2014 11:54
Diego, Vanderson e Eliezer, no dia da entrega do cheque os empresário. (Foto: Prefeitura de Paranaíba)
Diego, Vanderson e Eliezer, no dia da entrega do cheque os empresário. (Foto: Prefeitura de Paranaíba)

Eliezer de Souza ficou famoso em Paranaíba ao lado de dois colegas de sala, por ter encontrado cheques na rua e devolvido ao dono. Se fosse dinheiro vivo, a história poderia ser diferente? Ele garante que não. “E a minha consciência dona, como ia ficar?”, responde na lata o trabalhador rural de 30 anos que em 2014 resolveu voltar a estudar.

Com Diego Torres e Vanderson de Oliveira, ambos de 17 anos, ele seguia para a escola quando os três viram dois cheques na rua, perto do meio-fio. Ao abrir, descobriram que somavam mais de R$ 4 mil.

Os documentos não estavam “cruzados” e também não especificavam o portador, o que facilitaria retirar o dinheiro. Mesmo assim, os amigos decidiram fazer o certo. “Os meninos até ficaram com medo, porque podiam dizer que a gente roubou. Mas a gente tinha de arriscar, né? A pessoa podia estar precisando daquele dinheiro”, diz Eliezer.

Os alunos do 9º ano da Escola Municipal Maria Luiza Corrêa Machado procuraram a diretora que procurou a agência da Caixa Econômica Federal em Mineiros (Goiás), origem dos cheques.

Logo, o dono foi encontrado. Reinaldo Manuel Stradioto é proprietário de uma farinheira e foi até Paranaíba agradecer aos estudantes.

Os três trabalham em fazendas da região, ganham menos de mil reais por mês e tem uma rotina pesada. Como decidiram voltar à sala de aula, hoje estudam segunda, quarta e sexta, em período integral, e passam o dia inteiro de terça, quinta e sábado nas fazendas, como “faz tudo”, diz Eliezer que sonha em fazer faculdade de Veterinária para melhorar a vida.

O dinheiro na rua até ajudaria por um tempo, mas ele jura que nem pensou nessa possibilidade. “Não sei porque as pessoas acham tão difícil fazer o certo. A decisão para a gente foi ligeira. Não era nosso. Todo mundo precisa de dinheiro, quem perdeu também. Por isso a gente trabalha”, explica.

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