Comportamento

Iniciada por acaso, coleção de sinos de músico tem peças de todos os continentes

Paula Maciulevicius | 28/08/2014 06:22
A coleção é inusitada, mas carrega em si a proporção da paixão pela música que o regente Manoel Rasslan tem. (Foto: Marcelo Victor)
A coleção é inusitada, mas carrega em si a proporção da paixão pela música que o regente Manoel Rasslan tem. (Foto: Marcelo Victor)

Foi no acaso que o regente Manoel Câmara Rasslan começou o que viraria uma coleção de sons e histórias. Quando embarcou para a França, em 1999, o foco era estudar um método do belga "Edgar Willems" que ensina música através de sinos. No primeiro 'soar' ele acabou sendo conquistado para além da função do ensino. Com o passar dos anos, a estante de casa foi acumulando mais e mais objetos até chegar aos 250. A maioria deles, presente de amigos que viajam os quatro cantos do mundo.

A coleção é inusitada, mas carrega em si a proporção da paixão pela música que o regente tem. Não importa o tamanho, forma ou material de onde venha o som. "Essa coleção começou por acaso, primeiro pelo meu interesse pela música, depois tem o grande lance de não ter a casa entulhada", brinca.

Para onde os amigos vão, a encomenda é trazer um sino. O presente acabou sendo a souvenir mais apropriada para presentear o regente. "Eu sou cara de pau mesmo, peço no Facebook, um dia postei 'e o meu sino?' E a pessoa respondeu com uma foto. Ela já tinha comprado".

De joaninha, sino veio de presente da Espanha. (Foto: Marcelo Victor)

O acervo inclui peças do próprio Mercadão Municipal daqui, do Nordeste do Brasil, Áustria, China, Suíça, França, Inglaterra, Itália, Austrália, Bolívia, Espanha, África do Sul, República Checa, Uruguai e por aí vai.

O sino, segundo explica Rasslan, foi o meio empregado por Willems por estar em todas as culturas, constatação que está presente das prateleiras do regente e por trabalhar a percepção auditiva dentro desta seleção.

Um exemplo são os primeiros sinos separados à mesa, seis no total, de diferentes formas, sons e materiais, mas que ouvidos e explicados são exatamente como o regente descreve. Começando pelos sinos do fundo, o primeiro à esquerda é de vaca, seguido do de mesa, de bronze, coroinha e gato. Ao fechar os olhos é quase possível ver uma vaca se aproximando no pasto, o chamamento para a comida que está posta, o coroinha da igreja durante as missas, um gato que pulando muros vem beber água.

Sinos de vaca, mesa, de bronze, coroinha e gato, são exemplos da coleção. (Foto: Marcelo Victor)

"Se trabalha a música em três perspectivas: nos aspectos fisiológicos, afetivo e mental. Quando você ouve o som é pela parte fisiológica, mas você não escuta, escutar é um ato afetivo e a terceira é o mental, é você colocar em ordem, saber o nome, não por adivinhação, mas por reconhecimento do som", explica.

Diante de uma quantidade tão grande de sons e enfeites, pois cada um tem um formato, a gente se pergunta o que precisa ter um sino para ser considerado bom? "Que tenha clareza, mais harmonias e um som mais penetrante", acredita.

As formas que saem do armário do músico são o que diversificam a coleção pela curiosidade. "Tem um sino chinês, outro oriental, assinado neste ideograma em bronze, este de cerâmica boliviano. Os de porcelana são pintados a mão e fazem parte de um jogo de casamento. O de rinoceronte veio de Joanesburgo", enumera.

Depois de 1 ano fora aprendendo a metologia, hoje ele sai de casa com os sinos para demonstrar. O apego existe, mas nem tanto, que ele chega até a deixar a gente tocar. A diferença de materiais, países de origem ou requintes não são decisivos para a qualidade do som. "Alguns sim, são mais bonitos e organizados, mas nem por isso são melhores que os outros. Logicamente que no meu trabalho eu utilizo os que tem uma sonoridade", pontua.

A cada ano, a coleção ganha de 10 a 15 novos sinos. "Onde eu procuro? Em lojas de quinquilharia, estou antenado o tempo todo também. Cada sino destes tem uma história e uma lembrança", descreve.

De cristais, peças vieram de Praga. (Foto: Marcelo Victor)
Bolivianos, sinos são de mulher em cerâmica e lhamas. (Foto: Marcelo Victor)
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