Comportamento

Incentivadas desde crianças a gostarem de si, Alany e Nayume são a fofura do dia

Netas de cacique, desde pequenas Alany e Nayume têm orgulho de serem terena

Paula Maciulevicius | 01/06/2017 07:15
Alany e Nayume, indiazinhas fofas netas do cacique da aldeia Buritizinho. (Foto: Nilzanir Martins)
Alany e Nayume, indiazinhas fofas netas do cacique da aldeia Buritizinho. (Foto: Nilzanir Martins)

Da aldeia Buritizinho, em Aquidauana, Nayume e Alany são primas e têm 3 e 4 aninhos de idade, respectivamente. Ao lado uma da outra, as garotinhas mostram que desde que nasceram sabem quem são e, mais, que devem ter orgulho da etnia terena. 

Netas do cacique Josué Martins, elas entendem a língua e arriscam algumas palavrinhas como mamãe e papai, água e o nome dos animais em terena.

A caçulinha Alany Rinê - o segundo nome significa "filha" - nasceu em Campo Grande e chegou a morar um pouquinho de tempo na capital, mas, quando a mãe se viu sem trabalho, foi morar na aldeia com a família. 

Apresentando a dança típica terena. (Foto: Nilzanir Martins)
Passinhos foram ensinados logo que elas começaram andar. (Foto: Nilzanir Martins)

"Pensei nessa possibilidade, dela ter mais contato com a família e crescer aqui na aldeia mesmo", conta a professora Jusley Martins Reginaldo Peixoto, de 26 anos. Terena, ela também cresceu ali.

De mãe para filha, Jusley ensina aquilo que aprendeu com os pais e avós. Como Alany ainda é pequenininha, a explicação segue a didática de uma professora e vale inclusive para o preconceito que possa vir mais adiante. "Eu sempre falo para ela que aqui é o lugar onde papai do céu colocou a gente, que ele escolheu e nos permitiu ser indígena e que isso é uma alegria muito grande", reproduz.

Em uma das fotos, as duas apresentam a dança típica terena de recepção aos homens que voltavam da guerra. "Eu sempre estou incentivando e ela gosta de dançar". A menininha comemora até os aniversários caracterizada e com comidas típicas.

Vestidinhas dos pés à cabeça, meninas aprendem a ter orgulho desde cedo. (Foto: Nilzanir Martins)

Nayume é um pouquinho mais velha e gosta tanto de dançar quanto de fazer colares. A mãe, Nilzeli, vai ensinando aos poucos a menina a ver que sementes da aldeia viram arte nas pequenas mãozinhas.

"Ela entende o terena, fala papai, mamãe", conta a doméstica Nilzeli Leite Torres, de 33 anos.

Caçula de três filhos, em casa a garotinha aprende o que acompanha a geração de mulheres terena. "Quando ela pegar mais idade, não pode perder esse orgulho de ser terena, que é muito importante para nós", sustenta a mãe.

E o que é ser terena? Como elas ainda são bem pequenas, as mães falam por elas. "É ter orgulho e ser reconhecido, ter a nossa cultura, mostrar e preservar", resume Nilzeli.

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Ser terena é, para as famílias delas, ter orgulho e ser reconhecido pela cultura. (Foto: Nilzanir Martins)
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