Comportamento

Há 17 anos, ponto de mototáxi ainda aceita chamada à cobrar

Mais de 50% das chamadas são acompanhadas da frase: "chamada à cobrar, para aceitá-la [...]"

Suzana Serviam | 23/09/2021 06:37
O local não atende mais durante 24h por conta da equipe reduzida. (Foto: Marcos Maluf)
O local não atende mais durante 24h por conta da equipe reduzida. (Foto: Marcos Maluf)

Quem nunca fez uma ligação a cobrar que atire a primeira pedra. Tem gente até que não arrisca, porque sabe que a chamada pode ser recusada. Mas, se um dia, o crédito do celular acabar e você não conseguir chamar o motorista de aplicativo, lembre-se do ponto de mototáxi do Bairro São Francisco, que há 17 anos, aceita sem medo as ligações de quem disca o 9090.

O Lado B esteve no local para conferir se realmente o telefone tocava. Enquanto a conversa rolava solta, o telefone fixo deu show. Ederval Silverio de Souza, de 57 anos, preferiu tirá-lo do gancho para seguir a linha de raciocínio. “Senão, a gente não vai conseguir conversar”, comenta. 

Assim que sentou na cadeira de fio, explicou sobre o que leva o ponto de mototáxi a resistir com o recebimento de ligações à cobrar. Pode parecer que não, mas muita gente ainda tem esse costume, ele diz. “A maioria do público que a gente atende é classe baixa. Muitas vezes, o dinheiro que eles têm é contado para corrida”, revela Ederval. 

Corrida que é cobrada por quilômetro rodado. A variação ocorre de acordo com a bandeira. Por exemplo, 1 km na bandeira um custa R$ 3,50, já na bandeira dois sobe para R$ 3,70. 

Seu Mário atendendo mais uma ligação. (Foto: Marcos Maluf)

Na placa do ponto, diz que o serviço é 24h, mas Mário Iran de Abreu, de 57 anos, esclarece que devido ao número reduzido da equipe, o horário de funcionamento passou a ser das 6h até 19h. “É porque a gente tá velho, né? Imagina fazer 24 horas em três pessoas, cansa muito”, comenta bem-humorado.

Antigamente, apesar da equipe ser grande, o que não faltava eram as corridas. Havia quem chegasse para trabalhar o dia todo e ainda sobrava para os colegas. Depois da chegada de corridas por aplicativos, o movimento reduziu e muitos mototaxistas decidiram mudar de área. 

O tempo não volta mais, porém, a esperança do movimento melhorar ainda existe nos parceiros sobreviventes. E claro que a estratégia como o "9090" ajuda. Outro empurrãozinho para ajudar os clientes é a forma de pagamento, que pode ser feita por meio de cartões débito e crédito.

Desse jeito, não tem desculpa. No fim das contas, se o crédito do celular acabar, vale a pena ter na lista de contatos o número do local para ser socorrido. Anote: (67) 3365-6666.

Mini cozinha do ponto de táxi que já reuniu 12 mototaxistas. (Foto: Marcos Maluf)
À esquerda está seu Ederval , conhecido como "Titã" e à direita, seu Mário. (Foto: Marcos Maluf)

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