Comportamento

Gratidão faz proprietária trocar carro moderno por reforma de Chevette 79

Anny Malagolini | 23/09/2013 06:23
Há 31 anos Irene mantém chevette na família (Foto: João Garrigó)
Há 31 anos Irene mantém chevette na família (Foto: João Garrigó)

São 31 anos na família, por isso tamanho apego e zelo a um Chevette branco, ano 79. A relíquia é conservada com motor, rodas e até a pintura original. O painel tem madeira, tudo bem cuidado pela aposentada Irene Vieira de Rezende, de 73 anos.

Dia desses, os filhos bem que tentaram fazer com que a mãe se livrasse do veículo. Uma vaquinha entre eles arrecadou dinheiro suficiente para um carro mais moderno. Teimosa, Irene conta que até aceitou o presente, porém, tinha outros planos. Decidiu gastar dando um “trato” no velho companheiro. “Fui lá e reformei o carro, não quero outro. Acho que agora já entenderam”.

O recado é de valores como gratidão e desapego às aparências. O Chevette nunca deu problemas, por isso não precisa ser substituído, na avaliação de Irene.

O veículo foi comprado com o dinheiro da venda de um Fiat 147 e uma linha telefônica. Sim, naquela época as pessoas vendiam linha de telefone fixo.

O anúncio do carro foi visto pelo marido, em um jornal, e logo o negócio foi fechado. Irene é a segunda dona do veículo, que até hoje só rodou 43 mil quilômetros. Como mora em um prédio na 13 de Maio, quando sai, prefere caminhar.

Além de achar o carro bonito, o motivo para tanto carinho é a história. O carro participou de boa parte da vida da família. São vários momentos na lembrança, como as idas e vindas das crianças à escola. Filhos e netos, por exemplo, aprenderam a dirigir no Chevette, mas sempre sob os olhares atentos da dona. “Não gosto muito de emprestar, vai que estragam”, comenta.

“O carro reconhece o dono”, acredita ela, um motivo para quase nunca ter a deixado no “aperto”, apesar do motor nunca ter passado por reforma e funcionar com peças originais de fábrica. Ela  garante que o Chevette só a deixou uma vez na “mão”. “Acabou a bateria”, comenta.

O modelo deixou de ser fabricado em 1989, por isso tem pouco valor de mercado, mas não falta gente pedindo para comprar e um sonoro não como resposta.

Irene diz sempre ser abordada por pessoas interessadas no veículo. A resposta é sempre a mesma, pronta há anos: “Não estou com a intenção de vender, não”. Uma forma de dizer sem muitas explicações que o carro não preço. Quando está inspirada, até sugere alguns valores bem acima do mercado, para espantar os insistentes.

 

Painel do Chevette permanece o intacto (Foto: João Garrigó)
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