Comportamento

Gentileza ficou registrada em placa de estacionamento onde MIguel trabalhava

Insubstituível, seo Miguel recebeu homenagem em uma placa na Instituição com os dizeres "gentileza gera gentileza"

Thaís Pimenta | 17/02/2018 08:39
A placa está lá, no estacionamento em que Miguel tratava a todos com uma simpatia única. (Foto: Saul Schramm)
A placa está lá, no estacionamento em que Miguel tratava a todos com uma simpatia única. (Foto: Saul Schramm)

Nos três anos que Miguel Genaro Montani trabalhou como funcionário terceirizado cuidando do estacionamento de uma instituição financeira da Capital ele ficou conhecido pela gentileza. O trabalho ali foi tão especial que, ao falecer, no dia 28 de dezembro de 2016, a dedicação ganhou reconhecimento em uma placa de homenagem a singularidade de Miguel como ser humano.

As histórias de quem tinha o privilégio de encontrar com ele no estacionamento do Sicredi, quase que diariamente, são cômicas e repletas de gratidão. Gabriela Borsari lembra que sempre que chegava ao local, ele estava ouvindo em seu radinho o cantor Amado Batista ou polca paraguaia. “Sempre com um sorriso no rosto. Ficou marcado pra mim por causa da música e da simpatia dele”, diz.

 

Seo Miguel, sempre sorridente. (foto: Divulgação)

O presidente da sede, Celso Regis, conta que Miguel acompanhou a equipe desde quando estavam na rua 13 de Maio. “Aquela sede lá era complicada porque ficava bem na esquina com o Tribunal do Trabalho. Eles não tinham estacionamento próprio e algumas pessoas quando chegavam atrasadas, de juízes a advogados, colocavam o carro nas nossas vagas e nós começamos a ter problemas”, diz. Decidiram contratar uma empresa para ajudar nessa organização e a única exigência foi “uma pessoa paciente”.

Para a surpresa da equipe, quem veio trabalhar com eles foi o queridíssimo Miguel. Celso lembra da primeira vez que o viu. “Eu cheguei com meu carro pra parar no nosso estacionamento e ele veio me abordar, com toda a simpatia do mundo, dizendo que eu não poderia ficar ali. De cara vi que estava a frente de uma pessoa diferente. Me apresentei depois a ele, claro”.

Miguel conseguia dominar os nervos aflorados de todos. E não era preciso muito: só um sorriso, um bom dia e um papo sincero, com a preocupação em saber realmente se o outro estava bem. “A pessoa chegava meio brava aqui e você pode ter certeza que era descer do carro, falar com o Miguel, ao subir a rampa a pessoa já vinha diferente".

Inauguração da placa que está até hoje na sede da Instituição Financeira. (Foto: Divulgação)

Quando a sede mudou para a Afonso Pena, Miguel foi junto. Em dezembro de 2016, pediu licença para operar de uma hérnia. A cirurgia deu certo e ele até chegou a ir na agência avisar os colegas que voltaria logo. "No dia que era pra ele voltar a trabalhar, sofreu um infarto fulminante e faleceu". 

A falta que Miguel fez foi tanta que a ideia da placa veio de forma natural. A cerimônia contou com a presença dos filhos do funcionário, Jessica Aparecida Greffe Montania, 27, e Igor Flavio Graffe Montania, de 31 anos, que se emocionaram em todos os momentos do dia 9 de março de 2017. 

"Saber quão querido ele foi nos emocionou. Ele era uma pessoa ainda melhor dentro de casa e felizmente tive o privilégio de ser filha dele. A gente sempre via o lado do bem por causa do nosso pai. Ele dizia, em uma situação ruim, que não éramos nós quem devíamos julgar os outros, tínhamos que deixar a vida fluir. Ser gentil com o próximo e dar o máximo de si foram os ensinamentos que ficaram", diz a filha, Jessica.

Para o colega que hoje está no lugar de Miguel, Anderson Clajton dos Santos, ele foi uma pessoa única e insubstituível. "Sinto uma responsabilidade enorme de estar aqui, de ser tão bom quanto ele foi para os outros".

Na placa, a frase que define a vida toda do cuidador, militar da reserva da Marinha Brasileira, e pai de família: "Gentileza gera Gentileza", do incônico profeta Gentileza.

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