Comportamento

Flash mob lança campanha por aplicativo que proteja mulheres da violência

Intenção é estabelecer mapa de locais mais perigosos, mas sistema depende de R$ 19 mil

Thaís Pimenta | 09/03/2018 07:37
Meninas do Femme junto à Nadja Monteiro, na ação na Orla Morena. (foto: Thaís Pimenta)
Meninas do Femme junto à Nadja Monteiro, na ação na Orla Morena. (foto: Thaís Pimenta)

A atriz Nadja Mitidiero faz parte da estatística de agressão e violência contra a mulher. Foi assaltada a mão armada duas vezes em Campo Grande e em São Paulo e, na primeira delas, o agressor prendeu o antigo namorado da moça no porta-malas do carro do casal e a estuprou. Ela acredita que isso quis lhe mostrar que teria de fazer alguma coisa e decidiu criar um aplicativo contra a violência, com enfoque nas mulheres, o Purelas. "É como se um raio tivesse caído duas vezes na minha cabeça. Eu precisei fazer alguma coisa com toda essa violência", explica.

A ideia é que o aplicativo seja abastecido com dados oficiais e também indicações de mulheres sobre lugares que sofreram algum tipo de violência na rua, para estabelecer um mapa de pontos críticos em cada bairro e cruzar dados para se chegar aos agressores.

O maior entrave é que o sistema vai custar cerca de R$ 19 mil e Nadja espera conseguir essa quantia por meio de uma campanha de crowdfunding, lançada na plataforma Apoie-se, inaugurada ontem, na feira da Orla Morena. Para chamar a atenção das pessoas, o lançamento da "vaquinha", teve um flash mob organizado pelo grupo parceiro da proposta, o Femme coletivo de dança.  

"A dança, especialmente africana, e essa coreografia quer fazer com que o público se manifeste, dance junto, saiba sobre o aplicativo, envolvendo as pessoas à causa", diz Lívia Lopes, dançarina de 25 anos.

Antes, as meninas tentaram preparar as pessoas. "A gente chegou a montar um evento no Facebook, lançamos um vídeo ensinando os passos ali, pra galera aprender e se envolver mesmo".

Meninas do coletivo Femme que se apresentaram ontem. (foto: Thaís Pimenta)
Nadja Mitidiero é a organizadora do projeto. (foto: Thaís Pimenta)

No grupo, todas as dançarinas relataram já ter sofrido abusos em transporte público, ou até mesmo na rua, como apalpadas, encoxadas e iniciativas agressivas. "Acho que o respeito deveria ser natural, mas como não é essa a realidade, algumas de nós pega ônibus, não tem carro, então um aplicativo desses pode instruir a gente a não ir por tal rota, descer no próximo ponto porque é mais seguro", completam.

"O mínimo pra gente é muito, qualquer 'fiu fiu', 'psiu', qualquer olhada no nosso corpo, invade a gente. E isso acontece constantemente", diz Jackeline Mourão, também do Femme.

Para Nadja, existe uma relação entre crime comum e violência sexual, por isso o Purelas irá mapear todos os tipos de violência por meio de tópicos. A princípio, o app se concentra em Campo Grande, mas dependendo de como a demanda surgir, nada impede que ele cresça para o interior. 

"Por exemplo, podemos ter uma captadora que é de Porto Murtinho e lá as mulheres simplesmente somem. Não é nem noticiado, os corpos são jogados no rio, então com isso a gente pode crescer, só precisamos de apoio".

O Purelas terá três formas de ser alimentado, com informações descritas pelas próprias usuárias, pelo Sistema Iris, usado pela Casa da Mulher Brasileira, e pelo sistema Sigo, da Polícia. "Dessa forma conseguiremos cruzar informações para conseguir identificar esse agressor", completa Nadja. Um sistema de apoio à vítima completa a funcionalidade do aplicativo.

Denunciar de forma mais rápida e com mais segurança, essa é a principal função do app. Para contribuir acesse o link.  A ação de mobilização cotinua hoje com a apresentação da dupla Cia Par, no shopping Bosque dos Ipês, às 13h, e as 17h no Campo Grande. No sábado o coletivo Femme volta a se apresentar de novo no Bosque dos Ipês às 13 horas e no Norte Sul às 19h. Confira abaixo o flash mob que movimentou a Orla:

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