Comportamento

Filho autista perde Pato Donald, mãe apela nas redes e doação viaja 182km

Beatriz, é de Bela Vista, tem 5 anos e abriu mão do seu bichinho de pelúcia para acabar com tristeza de Felipe, em Campo Grande

Alana Portela | 11/05/2020 06:52
Aos 4 anos, Felipe não escondeu a alegria ao receber o Pato Donald de pelúcia. (Foto: Arquivo pessoal)
Aos 4 anos, Felipe não escondeu a alegria ao receber o Pato Donald de pelúcia. (Foto: Arquivo pessoal)

“Amiguinho, gostei tanto desse Pato Donald que a mãe me deu, mas posso te dar. Se você quiser algum mais da minha turma do Mickey, pega. Pode pegar duas, três ou quatro”, diz Beatriz, de 5 anos, após abrir mão do seu bichinho de pelúcia para fazer Felipe, de 4 anos, voltar a sorrir. 

A história é emocionante e aconteceu após Felipe, que tem autismo, perder um Pato Donald de pelúcia, em Campo Grande. O brinquedo era seu objeto de apego, se chamava Pokémon, mas o pequeno acabou perdendo o bichinho e entrou em desespero. 

“Ele não desgrudava do pato, mas na quarta passada, dormi primeiro que ele e não sei onde o brinquedo foi parar. Revirei a casa toda em busca do pato, porém, não encontrei. Ele ficou muito triste, chegou a passar mal e chorou até dormir”, conta a mãe, Maíra Alves de Oliveira Espíndola, que é pedagoga.  

Contente pela boa ação, Beatriz toda sorridente segura o Mickey e o Pateta. (Foto: Arquivo pessoal)

Ver o filho inconsolado partiu seu coração. “Quem já conviveu com autista sabe da importância de um objeto de apego. Eles entram em desespero e deixam a gente em desespero”, conta Maíra. Ela comenta que cuidar de uma criança com autismo exige atenção especial. “É diferente porque o Felipe precisa tomar os remédios, tem seletividade alimentar. É no ritmo dele”.   

“Meu filho tem que estar na casa dele, com os objetos dele. Por isso, tento ter cuidado redobrado, principalmente com os brinquedos. Aqui é tudo separado, as miniaturas ficam num local, os brinquedos maiores em outro, pois caso ele queira eu consigo achar e dar pra ele”. 

Felipe é uma criança encantadora e gosta muito de animais. Já teve outro objeto de apego. “Antes era um cavalo, mas esse tinha uns três, quatro de reserva. Entretanto, de repente abandonou o cavalo e se apegou ao pato”. Devido à mudança repentina, a mãe não conseguiu comprar outros patos reservas e por isso, Maíra apelou para as redes sociais. 

“Compartilhei no Facebook e no grupo de WhatsApp de mães, perguntando se alguém tinha um pato para doar ou vender”, lembra. O post comoveu e os amigos passaram a compartilhar, até que a notícia chegou aos ouvidos da carinhosa Beatriz e sua mãe, que preferiu se identificar apenas como G.C. Elas moram em Bela Vista e não pouparam esforços para ajudar Felipe. 

Felipe brincando com o Pato Donald que ganhou da amiguinha. (Foto: Arquivo pessoal)

“Comprei o pato para minha filha porque ela gosta da turma do Mickey, e como tenho uma amiga que tem um filho autista, sei como é quando algo do ambiente deles mudam, ficam transtornados. Foi um gesto simples de uma mãe para outra, empatia. Uma mãe compreende a outra”, destaca G.C. 

Ela teve uma conversa com Beatriz, sobre um amiguinho que estava muito triste, precisando do pato. “Sempre a incentivo a doar os brinquedos, ganha uns e doa outros. Converso sobre não se apegar as coisas, que temos que compartilhar, pois somos uma família cristã. Vai sempre na escolinha da igreja e lá, ensinamos muito sobre o amor”. 

O Pato Donald de pelúcia viajou 182 quilômetros até chegar em Campo Grande e ser entregue no sábado, 9 de maio. Foi uma amiga das doadoras, a jornalista Mireli Obando, quem levou o presente até a casa de Felipe. A ação encheu a família de gratidão e o pequeno até fez um vídeo de agradecimento. 

“Obrigado pelo Pato Donald, de coração. Vou dormir abraçado”, diz Felipe todo feliz com o brinquedo nas mãos. A atitude prova que a inocência e das crianças é genuína e dá esperança de ter um mundo melhor, com mais empatia, respeito e amor ao próximo.

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