Comportamento

"Esquecida", Campo Grande queria entrar na história até com poesia

Almanaque ilustrado de 1928 mostra como a cidade queria ser vista na época

Por Aletheya Alves | 12/04/2024 06:11
Construção do "Pavilhão do Chá" no jardim e a Escola Joaquim Murtinho. (Foto: Arquivo)
Construção do "Pavilhão do Chá" no jardim e a Escola Joaquim Murtinho. (Foto: Arquivo)

Em 1928, quando Campo Grande ainda seguia em um desenvolvimento mais lento, até poesia a cidade ganhou. Na época, uma das preocupações dos estados era mostrar suas cidades e, por fazer parte do interior brasileiro, Campo Grande integrou um almanaque ilustrado sobre o então Mato Grosso. 

“A formosa e vetusta cidade de Campo Grande tem merecidamente a primazia dentre as suas irmãs do sul do Estado de Mato Grosso, como sendo o berço do comércio e da cultura, da indústria e do trabalho”, introduz o almanaque. 

Economicamente, a cidade era definida pela pecuária com os campos sendo ocupados pelos “bois indianos”. Inclusive, é ligando a cidade à sua economia é que o almanaque classificava Campo Grande como uma possível solução para a colonização do Estado. 

Devido ao seu desenvolvimento ainda inicial, o município que se tornaria capital era visto como mais um esquecido no interior do Brasil.

Registro sobre o Rádio Clube no século passado. (Foto: Arquivo)
Primeira foto mostra o coreto do Jardim de Campo Grande, a segunda ilustra a 14 de Julho. (Foto: Arquivo)

Outro lado da Campo Grande de quase cem anos atrás é ilustrado pelas estatísticas presentes no almanaque. Em toda a cidade, havia cinco ônibus, 186 “caminhões para passageiros”, 75 caminhões gerais e 480 carroças, charretes e carretas. 

Ao todo, em 1927, o município registrou 89 casamentos, 285 nascimentos de meninos e 275 de meninas. 

As estatísticas destacadas também eram em relação aos alunos das escolas Joaquim Murtinho e Nossa Senhora Auxiliadora. Na primeira, havia 415 estudantes, enquanto na segunda, específica para meninas, eram 260 alunas.

O texto que, assim como o álbum fotográfico, tentava traçar um retrato da cidade optou por já detalhar sobre a então Sociedade Esportiva Campo-grandense que focava no âmbito dos esportes e se reunia no Rádio Clube. 

“Faziam parte José da Costa Moraes, Rubens Teixeira, Valerio Martins Costa e outros que muito se adquirindo o campo de esportes adequaram aos seus fins”, relata. 

E, completando, outro ponto que fez com que Campo Grande já mostrasse seu destaque é que ganhou até um poema chamado “Campo Grande, a cidade vermelha”. 

“Sorrindo à Primavera, ao Verão, ao Outono, Inverno, na conquista sublime do ideal… Campo Grande (sua lenda é quase azul). Desse azul suave de chimera, apagado, mas, eterno que nos lega amor leal”. Diz um trecho.

Confira na imagem abaixo o poema completo:

Poema escrito sobre Campo Grande para ilustrar o almanaque. (Foto: Arquivo)

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