Comportamento

Encontro de mulheres com orgulho dos cachos cresce, cheio de gente estilosa

Naiane Mesquita | 07/08/2016 20:00
Encontro foi realizado na Plataforma Cultura na tarde de hoje (Foto: Fernando Antunes)
Encontro foi realizado na Plataforma Cultura na tarde de hoje (Foto: Fernando Antunes)

Enquanto algumas mulheres ainda lutam para manter o cabelo liso dentro de um padrão imposto há séculos pela sociedade, as meninas do 2º Encontro de Crespos e Cachos de Mato Grosso do Sul deixaram de lado há muito tempo o secador e a chapinha para dar liberdade a beleza de cada uma delas. Prova disso é a realização de mais uma edição do evento, que estava previsto para novembro, mas precisou de um fôlego a pedido dos próprios seguidores. O encontro foi realizado na tarde de hoje, na Plataforma Cultural, em Campo Grande. 

As tranças eram feitas na hora (Foto: Fernando Antunes)

“Nós recebemos muitos depoimentos nas páginas de Crespos e Cacheados e no grupo de whats que nós temos. De pessoas que sofreram algum tipo de preconceito ou que querem dicas para assumir o cabelo cacheado ou crespo. Essa procura e, a pedidos delas, que nós resolvemos fazer esse segundo encontro em agosto e manter o próximo para novembro”, afirma uma das organizadoras, a professora Angela Batista, 23 anos.

A coordenação do evento é toda realizada por moças jovens que cansaram de sofrer preconceito ao tentarem assumir o cabelo real. Com o propósito de empoderar outras jovens que passam por isso diariamente e discutir questões relacionadas ao preconceito que elas criaram o evento. A primeira edição foi em novembro de 2015 e teve um resultado surpreendente com a participação de muitas mulheres.

“Dessa vez nós preparamos apresentações culturais, de grupos da Comunidade Tia Eva, tem oficina para ensinar a usar o turbante e outras palestras e depoimentos”, ressalta Angela.

Ravena tem três anos e já ostenta o cabelo crespo (Foto: Fernando Antunes)

No local também foram comercializadas roupas no estilo urbano, além de comidas, como o acarajé e até a produção de trancinhas afros na hora. Na plateia, vários representantes de grupos que discutem há anos o preconceito e a representatividade negra estavam presentes.

A educadora social Romilda Pizani, 35 anos, levou a filha Ravena Amy Pizani, 3 anos, para o evento. As duas ostentavam o cabelo crespo com muito orgulho e direito a lacinho vermelho no cabelo da pequena.

“É muito importante que aconteça eventos como esse, em que podemos tocar na vértebra do problema. A estética negra sempre foi muito criticada e colocar a mostra isso fortalece para que outras jovens tenham autoestima para perceber que não há problema em se ter o cabelo cacheado ou crespo”, explica Romilda.

Integrantes do grupo Tez, de trabalho e estudo zumbi que existe há 31 anos, Romilda elogia a iniciativa das meninas. “É ótimo que a minha filha cresça com essa consciência. Acho que toda menina negra em algum momento teve dúvidas e detestou o cabelo, mas há necessidade de isso acontecer”, reforça.

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