Comportamento

Em festa para nenhum santo, quem chegar de bicicleta não paga entrada

Naiane Mesquita | 11/07/2015 07:12
Professores ajudam no ensaio da quadrilha, enquanto alunos integram a banda  (Foto: Divulgação/ Instituto Educap)
Professores ajudam no ensaio da quadrilha, enquanto alunos integram a banda (Foto: Divulgação/ Instituto Educap)

Em tempos que o discurso de ódio tem se popularizado nas redes sociais e no mundo real, com agressões físicas e psicológicas a quem tem crenças diferentes, uma escola de Campo Grande resolveu fazer o caminho inverso ao propor uma festa julina diferente. Ao invés de comemorar o dia de Santo Antônio, Pedro ou João, os educadores preferiram celebrar as colheitas.

A coordenadora pedagógica do Instituto Educap, Célia Tavares Rino, explica que por respeito a diversidade religiosa e as tradições brasileiras, era preciso renovar as festas de julho.

"Nós resolvemos ampliar, buscando na história como as festas eram feitas e na pesquisa surgiu essa celebração pela colheita, comemorando a produção de alimentos", explica Célia.

Crianças aprenderam sobre as colheitas e plantações durante os preparativos para a festa.

A 1ª Festa da Colheita será realizada no sábado, dia 11 de julho, mantém as tradições do mês na culinária, com a venda de doces típicos, e na dança, com a formação de quadrilhas. A mudança na abordagem, segundo Célia, aumentou os questionamentos dos alunos.

"Surgiram várias indagações das crianças, por exemplo, como cultivar o feijão, da onde vem a tapioca e com isso vamos costurando as ideias. As comidas típicas escolhidas foram os caldos quentes, bolos e principalmente, a questão do milho, arroz, feijão e cereais", diz.

O propósito era fazer uma festa livre de preconceitos."A festa agrega de alguma forma a comunidade toda, não precisa necessariamente ter o cunho religioso. Muitas crianças não queriam participar porque a religião não permite, mas é importante perceber que existe a questão cultural. Nosso propósito é fazer a comunidade refletir e trabalhar esse tema", acredita.

As tradições folclóricas do meio rural, a cultura da roça e o papel da mulher no campo também foram abordados. "Todas as danças geram discussões profundas, como a dança das meninas. Estamos trabalhando com os alunos desde março, sobre as questões de gênero e diversidade", explica.

Para completar o novo olhar da festa, o preço de entrada é R$ 5, mas quem chegar de bicicleta não paga. "Nós já temos projetos de sustentabilidade e esse foi um upgrade. Na região da escola existem ações que promovem o ciclismo de passeio e como meio de transporte. Muitas crianças e pais de alunos já usam. Queremos incentivar", diz.

A festa ocorre a partir das 18h, no Quarteirão dos Amigos, localizado na rua Paraisópolis, 26, Vila Santo Eugênio. Mais informações pelo telefone 3025-3890.

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