Comportamento

Em dia do piquenique da "Tradicional Família Brasileira", não há tabu sobre amar

Adriano Fernandes | 13/11/2015 18:30
O “Piquenique de Tradicional Família Brasileira”, foi organizado pelo iniciativa do Impróprias (Grupo de Pesquisa em Gênero, Sexualidade e Diferenças) e LEVS (Laboratório de Estudos sobre Violência, Gênero e Sexualidade) da UFMS.(Foto:Adriano Fernandes)
O “Piquenique de Tradicional Família Brasileira”, foi organizado pelo iniciativa do Impróprias (Grupo de Pesquisa em Gênero, Sexualidade e Diferenças) e LEVS (Laboratório de Estudos sobre Violência, Gênero e Sexualidade) da UFMS.(Foto:Adriano Fernandes)

Como em todo o piquenique, não faltaram doces, bolos e sucos no da “Tradicional Família Brasileira” , que ocorreu na manhã desta sexta-feira na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul). Diferente do que sugeria o nome, estudantes, pesquisadores e simpatizantes do movimento LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Travestis) mostraram que o conceito de família vai além da “tradicional” e existe sim, mesmo não sendo aceito.

Kananda Matos de 19 anos foi uma das estudantes que apareceu junto da namorada. Para ela, a não aceitação das pessoas por um formato de família, que vá além da união entre um homem e uma mulher, é uma questão cultural. “A homossexualidade sempre existiu e a história aponta isso. O problema é que antes ela era reprimida. Esses novos formatos de família não eram expostos”, avalia.

Para a namorada, o preconceito fez o assunto se tornar um tabu. “Existe uma imposição na sociedade de que essas famílias não podem ser aceitas e é difícil quebrar essa barreira", diz. Como exemplo, a jovem cita o preconceito que sofre dentro de casa. 

“Levo uma vida dupla: a normal, onde todos me aceitam como lésbica, mas dentro de casa, não. É triste. Cresci ouvindo que a família é sinônimo de amor incondicional, só que ao invés disso, eles não aceitam quem eu sou” desabafou a jovem que preferiu não se identificar.

Mesmo com o desconforto, as meninas namoram hás seis meses e andam sem problemas, de mãos dadas pela faculdade.

Mais de 50 pessoas passaram pelo piquenique, que aconteceu na manhã desta sexta-feira.(Foto:Adriano Fernandes)

O estudante de Ciências Sociais, Carlos Lima, de 21 anos, lembra que o problema também está relacionado ao governo e à religião. “Sou heterossexual e não tenho problema nenhum quanto a esses diferentes formatos de família. Acho que a falta de ações positivas do governo e até a religião, ainda agrava o preconceito sobre o assunto”, disse o rapaz.

Nesse sentido, o professor Aparecido Francisco dos Reis defende. “O estado não deve dizer como uma família deve ser constituída, é um direito humano básico. O de amar quem você quiser. Ser o que você quiser, independente da sexualidade. Ninguém tem o direito de dizer como minha família deve ser constituída” ele afirmou.

E havia todo o tipo de figura no piquenique. O rapaz com a camiseta em tecido tule, esbanjava estilo com seus óculos escuros e botinha rosa. O guarda-sol nas cores do arco íris amenizava o calor, mas o leque era item mais que obrigatório e de estilo, claro, para os homens também.

Nos varais de cartazes, relatos sobre algumas conquistas dos LGBTs (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Travestis) como o direito à adoção e ao casamento civil. Exemplos da visibilidade que o segmento tanto necessita, conforme explica o ativista Diego Rodrigues.

“Eventos como este, num espaço público, chamam a atenção das pessoas. Ajudam a construir a visibilidade destes novos arranjos de família”, comenta.

Os encontros dos grupos são quinzenais e ocorrem na UFMS. Mais informações pelas páginas do Impróprias e Levs no Facebook. 

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