Comportamento

Mulher chamada de "fácil" é alvo de difamação em cartas espalhadas no Centro

Alguém se deu ao trabalho de escrever a carta, ir ao Correio e postar para várias pessoas dizendo que ela é "fácil"

Danielle Valentim | 23/05/2019 16:45
Mulher alvo da “tal carta” trabalha no Centro e já registrou um boletim de ocorrência e calúnia e difamação na Depac. (Foto: Marina Pacheco)
Mulher alvo da “tal carta” trabalha no Centro e já registrou um boletim de ocorrência e calúnia e difamação na Depac. (Foto: Marina Pacheco)

Quando a gente pensa que já viu de tudo se depara com coisas bem absurdas. Nesta semana, uma administradora de 37 anos se viu num pesadelo após ser alvo de cartas com calúnia, fotos e acusações graves. O pior é que a impressão em uma folha A4 foi postada 50 vezes de uma agência dos Correios da Avenida Coronel Antonino e já chegou até em Maringá.

Postagens e linchamentos virtuais se espalham em segundos para o mundo o inteiro, afinal, a plataforma é uma terra sem lei. Apesar de destruir reputações antes mesmo que o autor pague pelo crime, a polícia inicia a investigação pelo endereço de IP.

Mas desta vez o responsável voltou no tempo e escolheu a forma antiga de ataque, usando os Correios. O texto é amplo,  acusa a mulher de 'pegar' o “marido” alheio e usa o nome e endereço de trabalho da vítima. O criador ou criadora do texto acusa a administradora de sair com homens casados, mas não indica se é o seu. Ainda no texto faz alerta para as amigas das vítimas.

A mulher alvo da “tal carta” trabalha no Centro e já registrou um boletim de ocorrência e calúnia e difamação na Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) do Centro.

Sem a mínima noção de quem tenha feito o ataque, a vítima se recupera do baque que foi receber a correspondência anônima e saber que o mesmo chegou a muita gente.

Carta enviadas para várias lojas e amigas da vítima que moram em Maringá. (Foto: Direto das Ruas)

“Essa é a maior dificuldade da polícia. Porque se eu tivesse culpa eu teria uma pessoa suspeita para acusar. É algo surreal. A gente sempre vê acontecer com outras pessoas e nunca imagina que possa acontecer conosco. Mas agora vi que pode acontecer com qualquer pessoa, pois nunca sabemos o nível das pessoas que estamos convivendo”, diz.

Cinquenta cartas anônimas foram postadas de uma agência na Avenida Coronel Antonino, segundo rastreou a vítima. Os investigadores já buscaram as gravações para saber quem postou, mas todas as câmeras estão dos Correios estão queimadas. Agora a Polícia Civil tenta o circuito do Comper outro local usado para o envio dos textos.

A primeira correspondência chegou ao serviço da vítima na Rua Dom Aquino na terça-feira (21). Bastante abalada, a vítima ficou sem ação e ainda se recupera do que chama de ataque humilhante. Outro problema enfrentado pela vítima é que as correspondências estão afetando outras pessoas.

“Recebi anteontem, assim como amigas que também trabalham na rede e moram em Maringá e diversas lojas aqui no Centro. Eu estou me retratando o tempo todo, enviaram para conhecidos na faculdade, na igreja onde eu sirvo e na academia onde eu nem treino mais. O pessoal da loja vizinha também teve acesso, então, tirou minha paz. Envolve a minha moral, me sinto humilhada, no dia fiquei sem ação, hoje que estou conseguindo conversar”, disse.

A vítima trocou de celular, recentemente, e acredita que alguém rackeou o aparelho para ter acesso a fotos e informações do trabalho. Como a vítima não tem o hábito de expor sua vida na internet, o autor da correspondência usou quatro fotos que estavam no modo público em seu Facebook.

Mesmo em choque, a vítima enfrenta os problemas de frente, inclusive recebeu o Lado B nesta tarde. No entanto, sabe do ódio que envolve o mundo, ultimamente, e teme sofrer alguma represália na rua.

“Por mais que eu não deva, a maior dificuldade é descobrir quem é e o porquê de tudo isso. Eu não tenho inimizades e cultivo uma boa relação com todos, inclusive com ex e atuais funcionários da empresa. Meu medo é ser atropelada na rua ou levar um tiro. Abriu meu chão nunca imaginei passar por isso”, garante.

Ainda sem entender o motivo, a vítima pontua que se fosse algo de relacionamento, a autora estaria sendo mais específica, mas o texto é muito amplo. “A polícia já identificou pelas características que se trata de uma autora, do sexo feminino. Se eu tivesse devendo eu ia esperar quietinha até as cartas acabarem, mas não fiz nada. E, independente, ninguém tem direito de fazer isso. No fim das contas, me tranquilizo, pois quem passa a vergonha no final é faz esse tipo de coisa, é muito baixo. Porque acho que tudo existe um diálogo”, pontua.

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