Comportamento

Depois da tormenta de perder um filho, veio Miguel, o bebê arco-íris da família

Paula Maciulevicius | 06/10/2015 07:13
Assim como o colorido do arco-íris, Miguel era a promessa de que tudo ia ficar bem estampada no céu da família. (Foto: Gerson Walber)
Assim como o colorido do arco-íris, Miguel era a promessa de que tudo ia ficar bem estampada no céu da família. (Foto: Gerson Walber)

Miguel tem os olhinhos, o cabelo da mãe e a doçura de uma criança especial. Aos 2 anos, ele é a vitória, depois de uma perda anterior. "Não é a toa que ele é uma criança alegre, adorada e abençoada. O nosso Miguel é um bebê arco-íris", diz a mãe Karen. Professora, ela se tornou mãe de Miguel dois anos depois de perder o primeiro bebê.

O conceito bebês arco-íris, tradução de "rainbow babies", se tornou viral na internet depois de circular a foto de mulheres que passaram por uma dor comum: perder os filhos por aborto natural ou com poucos dias de vida. O projeto realizado na Rússia, pelas fotógrafas Natalia Karpovovy e Elena Gannenko, mostra as crianças que nasceram depois desse triste episódio e simbolizam a calma e a beleza nos pós tempestade.

Miguel já era considerado a alegria depois da tormenta antes mesmo da classificação. O nome veio apenas confirmar o que a mãe já sentia: assim como o colorido do arco-íris, o bebê era a promessa de que tudo ia ficar bem estampada no céu da família.

 

Miguel tem os olhinhos, o cabelo da mãe e a doçura de uma criança especial. (Foto: Gerson Walber)

Casada desde 2007, Karen sempre sonhava em ser mãe. Em 2011 perdeu o primeiro filho depois de um aborto espontâneo na oitava semana. "Foi muito doloroso, era o primeiro filho, o esperado", explica Karen Deduch de Godoy, de 32 anos.

Depois de dois anos de tentativas que envolveram até a busca por clínicas de fertilização, quando a mãe estava para perder as esperanças, veio Miguel. Entre a quarta e a sexta semana ela confirmou a gestação através do exame de sangue, mas o medo de que a cena se repetisse a seguiu até o ultrassom.

"Ficamos um pouco receosos, eu e meu esposo, só passou quando vimos os batimentos cardíacos na ultrassom", explica. Ao contrário da primeira vez, que o exame apontou que o bebê não tinha mais batimentos, agora Miguel fez questão de mostrar o quanto também queria nascer. A intensidade do coraçãozinho trouxe alento e a notícia enfim pode ser espalhada entre a família e os amigos.

Fotomontagem que estampa a sala dos milagres em Aparecida, promessa feita pelos pais no nascimento de Miguel.

"Eles falam que o bebê arco-íris é uma criança depois de uma perda, mas o Miguel foi mais que isso, foi uma vitória", continua a mãe.

Previsto para nascer em outubro, Miguel se antecipou, talvez tivesse a mesma ansiedade que os pais. Queria vir logo e veio, em agosto. Foram 81 dias internado, metade do período na UTI neonatal. O susto inicial também trouxe a possibilidade de sequelas e o bebê mirradinho, nascido com 1,180 quilos, podia ter tido uma lesão cerebral.

Os pais correram à Nossa Senhora e fizeram a promessa de ir até Aparecida do Norte. Miguel saiu do hospital ainda com menos de 2 quilos, mas sem nenhuma sequela.

Em dezembro do ano passado, Karen e o marido Clayton, levaram a foto do pequeno até a sala dos milagres em Aparecida e desde então, agradecem todos os dias pelo bebê arco-íris.

"Eu superei a perda, mas demorei para conseguir. Eu me cobrava muito: onde foi que eu errei? Eu não fiz nada, era para ser assim, tudo na vida é um aprendizado", diz a mãe. Aprendizado agora dividido diariamente com as cores do arco-íris.

Curta o Lado B no Facebook!

Projeto "bebês arco-íris" se tornou viral pelas fotos
das fotógrafas Natalia Karpovovy e Elena Gannenko.
Nos siga no