Comportamento

Debaixo de mangueira, irmão que viveria só 4 anos emociona ao levar as alianças

Paula Maciulevicius | 21/01/2017 07:20
Alegria de André ao encontrar irmã no altar. (Foto: Nicolas Carrelo)
Alegria de André ao encontrar irmã no altar. (Foto: Nicolas Carrelo)

André viveu para levar as alianças até a irmã no casamento. O diagnóstico que veio aos 8 meses, de diminuição da bainha de mielina, fez os médicos darem só 4 anos de vida para o menino. Ele superou e chegou aos 14 para sentir a alegria de ver a irmã no altar e emocionar os convidados ao redor. 

desejo de Daniela e Rodrigo se realizou debaixo do pé de manga, no bar onde eles dividiram tantos momentos. Uma cerimônia intimista para familiares e amigos, como se fosse em casa era com o que eles sonhavam depois de oito meses de namoro.

A história dos dois começou com uma gentileza de Rodrigo e terminou no altar à sombra da árvore. "Conheci ele na igreja, quando ajudava meu irmão a descer do carro. Nós temos 13 anos de diferença", resume a noiva, Daniela Serafini Martins Lara, de 20 anos. 

O momento das alianças foi com certeza o mais emocionante da cerimônia. Na cadeira de rodas, André foi levado pela irmã gêmea Ana. "Ele só foi apresentar os primeiros problemas com 8 meses. Ele não anda, não fala e era para morrer com 4 anos, porque é uma doença bem degenerativa, mas hoje o André está com 14 e só melhora", comemora a noiva. 

Ele fica em pé sozinho, sem ajuda, e compreende a vida à sua volta. O casamento, por exemplo, a família acredita que ele tenha entendido. "Quando ele me vê, não quer que eu vá embora. Acho que sente saudade", diz a irmã.

O sorriso sempre foi a marca de André, que nem sentindo dor o abandona. No dia da cerimônia, ele entrou bem quietinho, talvez um pouco assustado, mas quando viu os noivos, abriu o maior sorriso. 

"Ele fez a festa. Foi a parte que eu mais chorei", descreve Dani. "E foi muito importante para mim, porque o André é a minha vida. Eu sou muito apegada a ele, a gente cria um amor especial, diferente, um cuidado, um zelo, que só quem sente vai entender", completa.

Para a irmã, a reação do pajem foi um misto de euforia e amor. 

Menino já viveu 10 anos a mais do que a média dada pelos médicos e ainda vai presenciar muitas alegrias da família. (Foto: Nicolas Carrelo)
Dani, a irmã, prestes a dar um beijo carregado de amor em André. (Foto: Nicolas Carrelo)
As alianças que André e a irmã gêmea Ana levaram até o casal. (Foto: Nicolas Carrelo)
Rodrigo, o noivo, conheceu Dani quando ajudava André na cadeira de rodas. (Foto: Nicolas Carrelo)
Dani tem tanto amor no coração como tem nos olhos de menina. (Foto: Nicolas Carrelo)
Os fundos do bar foram cenário para o sim diante dos convidados. (Foto: Nicolas Carrelo)

No bar - O casamento realizado no sábado passado foi no Twist, bar que dos 14 anos de existência tem sido cenário para a troca de alianças nos últimos cinco. "A gente gosta muito desse local por ser um ambiente aconchegante e conhecemos o dono. Então é como se estivesse em casa mesmo", compara.

No histórico, já são seis casamentos realizados ali. Dani e Rodrigo receberam 95 convidados que olharam a noiva passar pelo corredor lateral até os fundos. "Como graças a Deus teve sol, colocamos o altar com o pastor embaixo da mangueira", recorda. 

A cerimônia começou às 10h da manhã e Dani foi levada até Rodrigo pelo pai. "Fizemos um caminho bem de casamento", conta. A decisão de fazer no bar levou em conta a decoração já pronta do local. Os detalhes foram feitos pela própria noiva e finalizados por uma amiga decoradora.

"Como lá já é muito decorado, eu fiz as garrafinhas do centro de mesa e alguns arranjos", exemplifica Dani. A mesa de doces foi montada no hall de entrada do bar. "Deixamos os lounges ao lado do altar e cadeiras para padrinhos bem perto da gente e os convidados, espalhados no fundo e na lateral", descreve a noiva.

Antes de cada familiar e amigo chegar. (Foto: Nicolas Carrelo)
Detalhes da mesa de doces. (Foto: Nicolas Carrelo)
E das lembrancinhas. (Foto: Nicolas Carrelo)
Entre árvores e muito verde, casal disse "sim". (Foto: Nicolas Carrelo)

No cardápio, Daniela e Rodrigo escolheram servir dois pratos quentes, além da mesa de frios. "Fizemos uma carne e uma massa quatro queijos e de sobremesa, uma banana com rum, receita do próprio Twist", fala. 

A economia nos gastos que o local oferecia pesou na escolha do casal. "Não queríamos gastar tanto em decoração e lá, apesar de ser bar é bem familiar. Foi a nossa primeira opção", resume a noiva.

O bar comporta grupos de música e também DJ's, dependendo do estilo dos noivos. Proprietário do Twist, Maurício Wanderley fala que a maioria dos noivos tinham uma história com o espaço, por isso perguntaram se poderiam trocar os votos ali.

"Muita gente começou a namorar aqui por conta da história do caldinho, que tem os nomes e também as pessoas que vão se identificam", explica. Na tendência do mini-wedding, o bar embarcou a pedido dos clientes. "Isso de casamentos menores, mais aconchegantes, as pessoas foram querendo casar aqui também por considerarem um tamanho ideal para o que estavam pensando", completa.

Além da decoração do bar, o charme da mangueira e do jardim na parte externa dão o tom de delicadeza. "Normalmente as pessoas que buscam um casamento de dia, querem com a luz natural", comenta Maurício. De cardápio, o bar oferece almoço ou um brunch e pode montar de acordo com o desejo dos noivos. 

"Um casamento todo mundo pensa no alto custo e não quer fazer em um buffet maior, que vai exigir decoração. Comportamos até 110 pessoas e calculamos que daria até 15% do valor de um casamento tradicional", compara Maurício.

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Delicada, cerimônia foi no sábado passado, pela manhã. (Foto: Nicolas Carrelo)
(Foto: Nicolas Carrelo)
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