Comportamento

Companheiro até o fim: Ex-motorista cuida de Fióte, o xodó de Antonio João

Fernando e o cachorrinho moram em chácara doada pelo empresário e ex-senador

Por Aline dos Santos | 20/03/2024 11:36
Fernando era motorista de Antonio João e recebeu a missão de cuidar do cachorrinho. (Foto: Henrique Kawaminami)
Fernando era motorista de Antonio João e recebeu a missão de cuidar do cachorrinho. (Foto: Henrique Kawaminami)

Com a saúde já vacilante, Antonio João Hugo Rodrigues, ex-senador e influente empresário da comunicação, chamou o seu motorista José Fernandes Osório Dantas, o Fernando, e lhe deu uma missão: caberia a ele cuidar do cachorro Fióte. O cãozinho “salsicha” era o xodó do empresário, o acompanhando da pescaria no Pantanal ao Cafofo, ponto afamado de encontros e conversas no último andar do prédio do jornal Correio do Estado. 

“A gente estava sentado no sofá, aqui na chácara, e ele disse: você vai cuidar desse cachorrinho para mim, sei que vai ficar em boas mãos. Ele sabia que a situação dele não estava fácil. Não tinha mais jeito”, se recorda Fernando, de 63 anos. Na sequência, o empresário doou uma chácara de cinco hectares, em Campo Grande, na saída para Rochedinho, ao funcionário.

Antonio João morreu em 18 de setembro de 2023, aos 75 anos. Porém, o plano traçado para o cachorro se concretizou. Fióte, que tem 14 anos, vive num lar com muito carinho, sempre ao lado de Fernando. O ex-motorista diz que o comportamento festivo só muda quando o cachorro vai à estrada, por onde Antonio João vinha de picape, e se demora, como se estivesse esperando por alguém. 

Tereza, Fernando e Fióte passeiam pela chácara doada por empresário. (Foto: Henrique Kawaminami)

“Vai ali e parece que fica esperando ele chegar. Porque quando o Antonio João apontava de carro ele ficava louco. Quando ele ver uma caminhonete igual a que andava junto, fica maluco”. 

Depois de um tempo, retorna para a rotina. O hobby é passear de carro. Mas o cachorrinho ainda tem disposição para correr pela chácara, aloprar as vacas e brincar com as cachorras Fiona e Neguinha. As boas condições de saúde deixaram na lembrança momentos difíceis quando, a pedido do empresário, Fióte foi levado por Fernando para a eutanásia, diante do quadro de leishmaniose. 

Antonio João (à direita) entregou escritura para Fernando poucos dias antes da última internação. (Foto: Arquivo Pessoal)

“Ele quase morreu, a gente achava que não tinha mais jeito. A doença estava muito avançada. Na clínica, o veterinário explicou sobre o tratamento. E ele foi melhorando aos poucos. Agora, toma um medicamento e a doença está bem controlada”, diz Fernando. 

O cachorro, dado por um familiar, entrou na vida do empresário após ele ter perdido dois cães, que viviam no pesqueiro do Pantanal. Os cachorros foram devorados por jacaré. “Ele tinha dois e o jacaré comeu. Ele nem queria mais cachorro. Mas ganhou esse e se apegou”, diz Fernando. 

Fernando e Fióte na chácara, na saída para Rochedinho. (Foto: Henrique Kawaminami)

Companheiro, Fióte esteve com Antonio João até o fim. Levado por Fernando, o cachorro acompanhou o velório, bem perto do caixão. “A relação deles era incrível. Ele tinha ciúmes do Antonio João, era muito ligado”. Fióte não deixava ninguém chegar perto do empresário. Então, Fernando pegava o cachorro e se afastava. 

Hoje, o ex-motorista vive da renda que tira da chácara, onde tem duas vacas leiteira e galinhas caipiras. Ele mora com a esposa Teresina Aparecida Ramos Dantas, 60 anos, a Tereza, outra velha conhecida de Fióte. “Quando ele era filhote, fiquei quatro meses cuidando dele”. 

Ao término da entrevista, o casal caminha pelo gramado, perto de orquídeas (outra paixão do empresário) e flores primavera. Fióte corre à frente e já se aproxima do carro. Fernando abre a porta e o cachorro se deita no banco traseiro. À espera de que liguem o veículo, o ar-condicionado e que saiam a passear. 

Fióte pronto para andar de carro: seu passeio favorito. (Foto: Henrique Kawaminami)

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