Comportamento

Com síndrome rara, Davi transformou único dia de vida em 4 meses de muito amor

Paula Maciulevicius | 15/03/2016 06:23
Davi com os irmãos João Marcelo e Pedro. (Fotos: Arquivo Pessoal)
Davi com os irmãos João Marcelo e Pedro. (Fotos: Arquivo Pessoal)

Davi foi o caçula e o único filho "planejado" de Leilian. Depois de ser mãe de dois meninos, ela tentava uma menininha. Na gestação, os exames apontaram um probleminha cardíaco, confirmado entre o sétimo e oitavo mês. À época, a futura mamãe viajou para tratamento em São Paulo e foi informada de que o bebê poderia ter uma síndrome, mas os médicos não entraram em detalhes. A probabilidade de um em 6 mil caiu justamente no colo da mãe. Davi nasceu em dezembro de 2014, com a síndrome de Patau, que é quando o neném apresenta três cromossomos no grupo 13.

"O médico falou: ele pode viver um dia, 15 ou 30, mas o negócio é que ele vai morrer. E a gente ficou arrasado", repete as palavras ouvidas, Leilian Lopes Ajala Zanelatto de 33 anos. A síndrome causa deformidades, além de problemas cardíacos congênitos. 

Na literatura médica, Leilian não encontrou consolo. Os artigos que lia traziam detalhes mais horríveis da síndrome e nada animadores. Mas pelas redes sociais, conheceu uma criança que chegou aos 5 anos, o que trouxe esperança à mãe.

Davi aos 3 meses de vida.

Foi ela quem procurou o Lado B para contar a sua história, passageira, intensa e eternizada, porque neste domingo, 13 de março, se celebra o "Dia da Conscientização da Síndrome de Patau".

À época, Leilian deixou os dois filhos mais velhos e o marido em Guia Lopes da Laguna, onde vivia, para morar durante quatro meses na Santa Casa, em Campo Grande. Por mais limitações que Davi tivesse, ela vibrou quando aos 2 meses de vida o bebê abriu os olhinhos. De aparência, logo que nasceu, Davi tinha todas as características de um bebê sindrômico, incluindo lábio leporino e fenda palatina.

"Pedi muito a Deus para eu conseguir cuidar do meu filho. O sonho de toda mãe é pegar o filho no colo, é trocar roupinha, dar banho. Isso era tudo o que eu queria, pelo menos trocar ele", recorda. A mãe, funcionária pública nos Correios, virou também enfermeira. Aprendeu e fazia sozinha a aspiração no filho, por exemplo e, qualquer dia a mais, era motivo de vitória e agradecimento.

"Como ele podia morrer amanhã, eu vivia todo dia como se fosse o último. Eu pedia todo dia a Deus para me deixar viver mais um pouquinho com ele", conta. Antes de completar quatro meses, quando toda a papelada para o home care foi autorizada e o bebê teria alta para viver em casa, Davi se despediu.

"O intestino rompeu, fizeram uma cirurgia e não conseguiram reverter". Os meses que vieram adiante foram de saudade postada nas redes sociais através de vídeos, fotos e o contato com outras famílias com filhos que têm a síndrome. Tanto no Facebook quanto no Youtube, Leilian criou canais para externar o que ficou por dentro, também como forma de lutar contra a depressão ao lado dos medicamentos. 

"Ele era muito esperto apesar de ter a síndrome e chorava, pedia mama como qualquer outra criança. Quando ele estava no meu colo, quando eu pegava ele, a respiração subia, a saturação chegava a 100%. O que eles querem é amor, o nosso amor", relata.

A luta continuou por Davi e muitas outras crianças. "Quero mostrar que não é impossível, que nada é impossível quando se acredita em milagres", resume. No Facebook, a mãe administra as páginas "Meu guerreiro Davi" e Síndrome de Patau Brasil.

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Essa foi uma sugestão do amigo e jornalista Renan Gonzaga.

"O sonho de toda mãe é pegar o filho no colo... Isso era tudo o que eu queria..."
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