Comportamento

Com aumento da procura, cursos de Libras têm até lista de espera com 300 pessoas

O crescimento na demanda começou logo depois do discurso da primeira dama do país durante a posse, mas um dos cursos da Capital está com fila de espera desde novembro

Bruna Kaspary | 13/01/2019 08:14
Desde o início do ano, o CAS (Centro de Capacitação de Profissionais da Educação e de Atendimento às Pessoas com Surdez) tem percebido um aumento no número de ligações procurando pelo curso. (Foto: Kísie Ainoã)
Desde o início do ano, o CAS (Centro de Capacitação de Profissionais da Educação e de Atendimento às Pessoas com Surdez) tem percebido um aumento no número de ligações procurando pelo curso. (Foto: Kísie Ainoã)

Um discurso bonito que falava de atender aos deficientes auditivos, todo em Libras (Língua Brasileira de Sinais), foi o start para que aumentassem as buscas pelo curso que ensinassem o idioma. Em Campo Grande há fila de espera com mais de 300 pessoas pelas aulas.

Desde o início do ano, o CAS (Centro de Capacitação de Profissionais da Educação e de Atendimento às Pessoas com Surdez) tem percebido um aumento no número de ligações procurando pelo curso. Lá é onde alguns futuros intérpretes de Libras estudam.

Mas não é a primeira vez que o direito de surdos aparece como protagonista. Em 2017, foi tema da redação do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) com "Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil". Para a coordenadora de Políticas para Educação, Adriana Buytendorp, a visibilidade é bem vinda, mas a luta continua. "Sem dúvida, a primeira dama falando em Libras é um aspecto que traz força para a importância da comunicação para os surdos. E vejo essa procura como um processo de crescimento social e conhecimento da sociedade".

Além da acessibilidade, Adriana ressalta que a formação contempla também o mercado de trabalho. "Nós temos em Mato Grosso do Sul não só o que traduz, mas pessoas com formação para finalidade pedagógica. Mas saindo do campo educacional, a gente entra num contexto de sociedade, em que o surdo precisa de um psicólogo, de advogado, de médico, por isso, sem dúvidas, ter profissionais bilíngues seria um processo de crescimento maravilhoso".

Os cursos são gratuitos. (Foto: Kísie Ainoã)

 

 

 

No IFMS (Instituto Federal de Mato Grosso do Sul) o curso já é oferecido há alguns anos, e é na modalidade à distância. Lá também houve um aumento no número de ligações procurando pelas aulas.

Segundo o coordenador de gestão acadêmica, Felipe Braiani, a procura só não é maior porque muita gente ainda não sabe que o curso é ofertado pela instituição. “Apesar de ser a distância, tem encontros duas vezes por semana”, explica.

As inscrições para os cursos, que são oferecidos em Campo Grande e Coxim, estarão abertas entre os dias 11 de janeiro e 14 de fevereiro. As aulas começam a partir do dia 20 de mês que vem.

Fila de espera – A prefeitura de Campo Grande também oferece o curso. A primeira turma foi aberta em novembro do ano passado. Na época, para se inscrever nas aulas era necessário ir até a Subsecretaria de Defesa dos Direitos Humanos.

“Quando chegamos aqui tinha gente sentado em caixote esperando para abrir, gente que tinha passado a noite para garantir a vaga”, lembra o responsável pela pasta Wellington Kester. Eram duas turmas com quarenta vagas cada, que tiveram que ser aumentadas para tentar diminuir o tamanho da fila de espera.

Ao todo foram mais de 420 pessoas que se inscreveram para as aulas, que não terão as inscrições abertas novamente até que a fila seja extinguida.

Além das turmas abertas para a comunidade, a subsecretaria oferece aulas para os funcionários da prefeitura. Nessa primeira sala estão os funcionários da própria instituição. “Queremos oferecer para fora também, mas primeiro temos que ser o exemplo e mostrar que nossos funcionários também estão capacitados”, explica Wellington.

Todos os cursos são oferecidos gratuitamente para a população.

 

 

 

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