Comportamento

Coadjuvante no tratamento de câncer da mãe, Cecília anunciou chegada aos 6 meses

Paula Maciulevicius | 19/10/2015 06:25
"Amigas do lenço", todas colocaram em homenagem à mãe e à filha. (Foto: Silas Souza)
"Amigas do lenço", todas colocaram em homenagem à mãe e à filha. (Foto: Silas Souza)

A gravidez chegou de surpresa, sua descoberta então, nem se fala. Já com 6 meses de gestação que Cecília se pôs à mostra na barriga da mãe. Nem exame de sangue, de laboratório, detectou sua presença ali. Coadjuvante no tratamento de câncer de Marci, a filha se tornou agora protagonista, até porque a barriga já fala por si só que ali tem bebê.

Foram as "Amigas do lenço", grupo de WhatsApp formado a partir da notícia do câncer de mama em Marci, que chamaram o Lado B para um bingo. Assim como tudo parece vir de surpresa à vida da mãe/paciente, os amigos se juntaram nesse domingo, no bairro São Conrado, em Campo Grande, numa ação para arrecadar dinheiro à família que passa pelo tratamento. No portão de entrada já nos deparamos com as três mosqueteiras, Marci e as amigas Denise e Marisa, todas professoras de educação especial. 

Marci ao lado das amigas Marisa e Denise, que tiveram a ideia do bingo. (Foto: Silas Souza)

A gravidez foi descoberta há poucos dias, na última quinta-feira e foi noticiada aos amigos em vídeo. Já o câncer era desconfiança do final do ano passado, diagnosticado em abril. "Em dezembro eu senti um carocinho no autoexame, fui para o médico, eram dois nódulos na mama esquerda", conta a pedagoga Marci Selzler Vaz, de 32 anos. Casada, o sonho dela era engravidar, mas a notícia da doença, até então, tinha adiado os planos.

Foram três sessões de quimioterapia, mas a cirurgia da retirada da mama esquerda. Paralelo ao processo, o médico pediu a ela para suspender o sonho de ser mãe, por ora. "Fiz exame de laboratório para ver se não estava grávida, cheguei a tomar injeção para evitar a ovulação, aí fiquei tranquila", diz Marci.

No último mês - e abre-se um parêntese para dizer que Marci não cabia em si durante a entrevista, era mão na barriga, fazendo carinho no bebê alternando com o rosto para enxugar as lágrimas, dessa vez de felicidade e gratidão - ela passou a perceber que estava ganhando peso.

Pais da Cecília são só sorrisos que não cabem no rosto. (Foto: Silas Souza)

"Eu fiquei com medo de ser metástase já, algo do câncer e ninguém detectou nada. Até que fui fazer o teste de farmácia e deu positivo", conta. De imediato, marcou consultas e foi fazer uma ultrassom. "O hospital parou para me atender, o médico falava: o pezinho está bem, os rins, o fígado, o coraçãozinho bate forte, é saudável e uma menina: olha ela aí". As palavras saem carregadas de lágrimas. "Assim a gente descobriu a Cecília", acrescenta a mãe.

O pai, incrédulo ainda, Mayke Vaz, tem 29 anos e é só sorrisos. "A gente passou por três quimios, cirurgia, anestesia e ela aí escondidinha", diz. A mãe faz questão de frisar que não houve negligência dos médicos, que realmente Cecília queria era fazer surpresa.

"Quando ouvimos o coração bater, nossa... Eu esperava que fosse ter que interromper a gravidez, que ela teria má formação, alguma coisa, mas está perfeita", descreve a mãe. "Até meu médico disse que é um milagre ela ter sobrevivido à tanta química e estar bem", completa.

Afastada do trabalho, Marci está recebendo auxílio doença num valor bem menor que o salário. O marido havia deixado o emprego para se dedicar à saúde da esposa e por conta disso que as amigas criaram o bingo. Na fotografia, as que não eram, viraram "amigas do lenço" e todo mundo colocou como homenagem à mãe e à Cecília. "Viva Cecília".

A previsão é de que a guerreira nasça em dois meses. Abaixo está o vídeo do anúncio da chegada de Cecília, distribuído aos amigos.

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