Comportamento

"Blogueirinhos", professores se reinventam para dar aulas on-line

Alguns educadores estão tendo que gravar a aula por vídeo para que os estudantes possam continuar aprendendo fora da escola

Alana Portela | 03/04/2020 07:23
O professor Felipe Vitório Lucero gravando a aula de Geografia. (Foto: Arquivo pessoal)
O professor Felipe Vitório Lucero gravando a aula de Geografia. (Foto: Arquivo pessoal)

Desde que começou a quarentena em Campo Grande, os professores estão tendo que se virar nos 30 para não prejudicar os alunos. Algumas escolas privadas continuam a todo vapor, mas com aulas on-line. Por isso, os educadores tiveram que se reinventar e até virar “blogueirinhos” para ensinar os estudantes fora da sala. 

“Todos os professores estão se reinventando. Estamos trabalhando mais que o normal, é uma rotina nova, que não acompanhou o tempo ideal de transição e pegou todos nós de surpresa. Essa adaptação tem que ser rápida, nosso aluno não pode perder conteúdo”, diz Felipe Vitório Lucero.

Aos 27 anos, ele é professor de Geografia e leciona há quatro, tanto em escola pública quanto privada. É um dos profissionais que não pararam desde que a pandemia do Coronavírus chegou a Capital, e tem feito de tudo cumprir o dever de educador. 

Foto dos alunos de Felipe durante uma aula no campo. (Foto: Arquivo pessoal)

Há três semanas, Felipe teve que deixar de lado a timidez e encarar a câmera do celular para gravar as aulas. “Os professores viraram youtubers, os coordenadores viraram editores de vídeos e a direção funciona 24h, incluindo sábados e domingos”, comenta. 

“A escola definitivamente não parou. Estamos nos reinventando todos os dias, ultrapassando as paredes da sala de aula por amor aos nossos alunos. Valorizem o professor”, pede Felipe. 

Ele grava de três a quatro vídeos por turma e coloca no sistema on-line da escola. Através disso, os estudantes podem acessar e assistir a aula, que dura uns 20 minutos. 

Contudo, gravar as aulas não é apenas entrar na frente da câmera e falar. Felipe também tem que deixar o conteúdo divertido, para prender a atenção do aluno até o final e não deixar o processo cansativo. 

“A responsabilidade e autonomia do aluno em casa é maior do que dentro da sala onde você controla a situação e consegue prender a atenção. No vídeo, temos a concorrência das redes sociais, filmes, cachorro e TV. A família tem sido fundamental nesse processo, não deixando o estudante sem o devido conhecimento”.

“Uma sensação diferente, o que é um professor sem aluno? O Olho no olho, saber se o estudante está em um dia bom, faz parte da nossa rotina. O primeiro vídeo estava bem tímido, agora já estou mais adaptado. Fluiu naturalmente, o positivo é que pode errar e fazer novamente, mas leva um tempo maior de edição, criação, esse é o maior desafio”, explica.

Dos 200 alunos de Felipe, cerca de 60% apenas têm se esforçado e seguido o cronograma das aulas. “Tem estudante que não entrou na plataforma ainda”, comenta. A situação o deixa até meio cabisbaixo, já que tem se esforçado tanto para proporcionar uma educação de qualidade. 

Através da plataforma on-line, Felipe está disponível para tirar as dúvidas dos alunos e ajudar no que for necessário. O professor participa até de grupos no WhatsApp, onde envia arquivos da escola. 

Outra professora que merece os parabéns por estar se dedicando aos alunos é a pedagoga, Mayara dos Santos Ramos. Ela tem 33 anos e há três passou a dar aulas na rede pública e privada. Todo dia é um desafio diferente que precisa ser enfrentado para dar continuidade a responsabilidade de educadora. 

“Já buscávamos várias formas de reinventar nossas aulas dentro da sala, agora sem o contato, temos que pensar além. Ter a atenção dos nossos alunos, simplificar ao máximo para que eles possam compreender o que estamos dizendo e fazer com que minimize em parte esse período tão atípico que estamos vivendo”, diz.

Ela também passou a gravar as aulas para os pequeninos. Nas gravações, tenta dinamizar o ensino e até fazer brincadeiras para descontrair os alunos e não deixar a proposta se tornar algo chato. “Converso com eles como se estivessem ali na minha frente. Faço comentários e brincadeiras pensando que eles estão ali. Tentando levar o ambiente escolar até a casa deles”, comenta.

Mayara consegue ter um retorno, quando os alunos acessam a plataforma on-line. “Só conseguimos saber como está a recepção deles com o retorno que dão com as respostas. Mas está sendo bem positivo”, afirma. Isso é um bom sinal para a professora que está se dedicando para tornar o dia dos estudantes mais divertido e propício ao aprendizado. 

Seja na escola ou em casa, a educação é importante para o conhecimento dos alunos, que posteriormente os tornará um cidadão melhor e com propósito de vida. Através do aprendizado, começam os sonhos, as lutas e a vontade de ser melhor e de tornar o mundo um lugar melhor.

“A educação é necessária. Conseguirmos levar isso aos nossos alunos mesmo que a distância é dar continuidade ao processo de ensino aprendizagem que foi iniciado”, conclui Mayara.

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