Comportamento

Beach tennis é força na vida de crianças que começaram cedo a beber e usar droga

Thailla Torres | 03/07/2017 06:25
Crianças e adolescentes já são vencedoras diante das dificuldades na infância. (Foto: Marcos Ermínio)
Crianças e adolescentes já são vencedoras diante das dificuldades na infância. (Foto: Marcos Ermínio)

Elas são crianças do Cophavilla II, Aero Rancho, Tarumã e Dom Antônio Barbosa, em um encontro que vem transformando vidas. Elas lutam pelo equilíbrio na hora do saque, mas já são grandes vencedoras nas dificuldades que começaram na infância. Quase sempre os alunos tem o mesmo perfil até chegar ao projeto ''Point'', na periferia de Campo Grande, que vem mudando comportamento de crianças e adolescentes através do beach tennis. 

De pés no chão, em um campinho improvisado, eles narram histórias diferentes, marcadas por desestrutura familiar, drogas e desamparo.

O adolescente de 13 anos transformou a vida durante o projeto. (Foto: Marcos Ermínio)

O adolescente, de 13 anos, que conversou com o Lado B é um exemplo da falta de assistência na infância. "O pastor que também agente de saúde e durante uma visita em casa me chamou pro projeto. Aqui comecei a treinar", conta.

O garoto diz que após começar as aulas de beach, deixou momentos difíceis para trás. "Passei a me cuidar mais, respeitar meu pai e tirar nota boa", comemora.

Em 2015, aos 11 anos, ele recorda que começou no cigarro, depois experimentou maconha e quase se perdeu no vício do álcool. "Eu não ouvia mais o meu pai, vivia na rua, matava aula e só tirava nota baixa", lembra.

Meses depois, ele começou o esporte e a felicidade foi a primeira vitória no caminho de menino que cruzou com o projeto. "Se chegou felicidade em casa? Chegou, ganhei uma raquete durante um torneio", diz.

O período que o adolescente não está correndo atrás da bolinha, são todos preenchidos com a dedicação na escola. "Agora eu estudo. O pastor diz que eu preciso ter nota boa e saúde para continuar treinando. Muita coisa mudou e eu quero ser um jogador profissional igual vejo nos torneios", conclui.

Instrutor voluntário, Edilson dá força para a criançada jogar. (Foto: Marcos Ermínio)

Outra criança tem 8 anos e equilibra sorrindo a bolinha em cima da raquete. Ela diz que sonha em ser veterinária, mas participa do projeto para fugir do perigo. "Antes eu só ficava brincando com minha amiga na rua e meu pai falava que era perigoso", resume.

São quatro horas de treino aos sábados debaixo de sol. Mas nem o calor padece a disposição da meninada que divide raquetes e bolinhas entre alongamentos e brincadeiras.

A iniciativa partiu de Edilson José da Silva, de 49 anos, pastor conhecido no bairro. Foi ele quem preparou o espaço para receber as crianças. "Peguei uma roçadeira emprestada e roçei o necessário. Com o tempo as crianças também foram se aproximando. Sempre expliquei que não era um professor, mas tive o prazer de orientá-los", explica. 

Edilson Mendes, é instrutor voluntário aos sábados no Cophavilla e também viu o destino mudar através do esporte. "Eu vivia na rua e hoje fico muito feliz de ensinar. Isso é importante para treinar e evoluir. Por isso aqui é chamado de point, onde a gente se encontra e muda de vida", afirma o jovem.

Andressa Vieira, de 19 anos, é ex-aluna e torce para que o projeto ganhe incentivo. "Faz diferença porque esses encontros ganharam apoio das famílias e agora espalhou pela redondeza. Teve gente que já foi para outras cidades competir e todo mundo fica animado, porque além do esporte, criou-se uma disciplina, responsabilidade e amizade entre eles", reforça.

Curta o Lado B no Facebook.

Nos siga no