Comportamento

Aos 17 anos, Vinicius vende balas para casar com amor que família já rejeitou

Thailla Torres | 11/02/2017 07:10
Vinicius vai na cara e na coragem, para conseguir uns trocados para casar. (Foto: Alcides Neto)
Vinicius vai na cara e na coragem, para conseguir uns trocados para casar. (Foto: Alcides Neto)

Bem arrumado e sorridente, Vinícius chama atenção vendendo balas no semáforo da Rua Rodolfo José Pinho, no cruzamento com Avenida Eduardo Elias Zahran. A cena poderia ser comum, com exceção da plaquinha que ele carrega no pescoço. Escrita a mão, nela a mensagem é objetiva: "Me ajude a casar". Todos os dias o jovem tem enfrentado calor na esperança de conseguir uns trocados para realizar o sonho. 

Olhando de longe, ninguém imagina que Vinícius Matheus Alves de Lima tem só 17 anos. Em poucos segundos, tenta vender balas, água e refrigerante, enquanto o sinal fica vermelho. Mas parece que o apelo vem dando certo, além do dinheiro, o menino já ganhou admiradores e até posa para fotos de quem fica curioso pela história.

Natural de Bragança Paulista (SP), Vinícius chegou a Campo Grande há duas semanas, acompanhado da família. A namorada, que ele fala com tanto amor, ficou em São Paulo. De agora em diante, ele promete se dedicar aos estudados e arrecadar dinheiro para a união que já tem data prevista, daqui 2 anos.

Placa feita a mão, revela sonho do adolescente. (Foto: Alcides Neto)

Vinícius sonha em casar com Sara e afirmar diante de todos, o amor que começou ainda na infância. Os dois se apaixonaram quando ele tinha 12 e ela 13. O namoro foi atacado pela família na época, que não aceitou o relacionamento dos dois por conta da idade. 

De família evangélica e uma criação rígida, Vinícius lembra que chegou a ser proibido de ver Sara. Longe do amor, os dois sofreram durante um tempo por conta dos pais. "No começo foi bem difícil, ninguém aceitava, as coisas foram complicadas e chegamos a ficar três meses sem se falar. Nossos pais separaram a gente", conta.

Disposto a esperar, Vinícius diz que até aguentou um tempo, mas depois, admite que os dois faziam de tudo para estarem juntos. "Até a gente assumir algo sério e que fosse aprovado, foi bem complicado. Era difícil de ver e sair. Eu estudava na cidade vizinha e passava o dia todo fora. Quando a gente queria, tinha que dar um jeito e nossos pulos", diz.

Fiel, Vinícius acredita que só foi capaz de superar todos os obstáculos por conta do sentimento por Sara. "É um amor que começou há muito tempo, a gente passou por tudo isso e nunca mudamos de opinião por ninguém". 

Em uma fase onde adolescentes 'colecionam' relacionamentos e amores, Vinicius diz que é uma pessoa diferente em nunca ceder às pressões que encontrou pelo caminho.

Esse é Vinicius e o amor da sua vida, Sara. (Foto: Arquivo Pessoal)

"Geralmente as pessoas da nossa idade gostam de curtir e sair para balada. As pessoas chegam a perguntar porque a gente não termina, até os mais velhos dizendo que já viveram bastante coisa. Mas tenho meus princípios pessoais e nada muda o que eu sinto", diz.

Animado, ele jura que só um amor basta. "Eu sempre quis estar só com uma pessoa na minha vida. O tempo em que ficamos afastados, talvez outra pessoa teria desistido, eu não", afirma.

E mais difícil do que arrumar dinheiro, é enfrentar a concorrência no sinal. Na sexta-feira, ele foi expulso por um homem que disse que ali era o ponto dele. Mesmo assim, nada fez Vinicius desistir. "Só vou arrumar outro ponto ali perto, para não dar problema", diz.

Por telefone, Sara Barbeli confessa que ficou assustada com a ideia do namorado, mas correspondeu com incentivo. "Assustei porque ele nunca precisou fazer nada disso, mas fiquei muito feliz. É um sonho meu casar e eu só estou aqui pensando em quando estarei visitando ele. Ainda não sei como serão nossos planos, mas talvez eu vá morar na cidade daqui dois anos", revela.

A ideia de vender balas, segundo ele, veio para preencher o tempo. Em Campo Grande, trabalha com o pai que é dentista e está abrindo um laboratório de prótese. Vinícius também foi aprovado no curso de Ciências Sociais da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) e por isso os próximos anos serão em Campo Grande. Ele ainda aguarda a maior idade para conseguir casar e finalmente ter o consentimento das duas famílias. 

"Hoje minha família aceita muito bem, eles apoiam e acho que o amor foi bem decisivo", diz.

Curta o Lado B no Facebook.

Nos siga no