Artes

ONG que comprou Cine Cultura de "porta fechada" investe bem longe daqui

Anny Malagolini | 08/11/2013 06:55
Entrada do Cine Cultura. (
Entrada do Cine Cultura. (

O Cine Cultura foi fechado em 2010, mas quem costumava frequentar o espaço em Campo Grande nunca se conformou e em 2012 até criou uma página no Facebook “Volta Cine Cultura”. Não teve jeito, para conseguir algo parecido agora, será preciso começar do zero. O projeto foi comprado pela ONG “Nelito Câmara” e funciona em Ivinhema, uma cidade de 21 mil habitantes a 284 quilômetros da Capital. 

Quando o pai faleceu, Ricardo Câmara, de 38 anos, quis homenagear o ex-deputato Nelito Câmara continuando o trabalho em uma ONG. Entre os investimentos, a organização mantém a cultura como meta e desde 2008 vem incentivando o cinema na pequena cidade, uma exceção no interior de Mato Grosso do Sul.

Sem interessados em Campo Grande, o Cine Cultura foi vendido pelo dono do espaço alternativo, o empresário Nilson Rodrigues. A entidade levou a ideia de "portas fechadas" e fixou o projeto no interior. Com ajuda de patrocinadores e investidores, a ONG comprou todo o maquinário e estrutura, desde cadeiras, carpete e acervo, tudo por R$ 100 mil.

"Fui atrás de interessados e conseguimos comprar, mas não levamos o nome, apenas os equimentos", explica Ricardo. Em Ivinhema, o cinema foi rebatizado como “Cinelito”. Filmes comerciais também são exibidos, aos finais de semana. De segunda a quinta, o lugar continua com a proposta original, que é exibir produções “cult”, fora do circuito, garante Ricardo. Os ingressos custam R$ 12,00 e a capacidade e espectadores por sessão é de 88 pessoas.

Boa surpresa - Ivinhema surpreende pela vontade de movimentar o cinema. Neste ano, apresenta já a 10ª edição do “Festival de Cinema do Vale do Ivinhema”, de 10 a 17 de novembro.

A mostra nasceu em uma escola, no ano 2000, ganhou notoriedade e, além de produções locais, criadas por estudantes, o evento também recebe documentários, longas e curtas filmados no Brasil. 

O professor de Língua Portuguesa e produção de texto, Leonimar Bacchiegas, de 39 anos, foi quem começou o burburinho. Ele conta que a príncipio quis criar um canal, para que os alunos começassem a ler. “Queria que tivessem mais contato com a linguagem técnica do cinema, era uma maneira de estimulá-los, a se interessar pela leitura”, explica.

Apreciador da arte, mas sem entendimento técnico, Leonimar conta que entrou no mundo do cinema junto com alunos. “Mostrava cinema, mas tinha viés comercial. Fui mostrando a arte, com discussão mais cabeça, mas com a sabedoria de um cinéfilo, apenas”.

Os alunos começaram a criar curtas, com produções simples, e o projeto foi ganhando respeito dos educadores, que viram na atividade o aumento do interesse pelos estudos.

O festival cresceu e ganhou apreciadores e colaboradores. Em 2008, além das produções escolares, ele teve exibições e estreias nacionais.

Neste ano a programação, tem homenagem a violeira Helena Meirelles, com o documentário “A Dama da Viola”. A produção foi gravada na cidade. Outra produção que será exibida é o filme “Palavra Cantada”. Também tem oficinas de introdução ao cinema, desde técnicas utilizadas na construção de um roteiro. 

Confira a progração do festival aqui

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