Artes

Um origami gigante muda paisagem que antes era feita de tapumes

Ângela Kempfer | 04/06/2012 16:56
Ana Ruas em seu origami gigante.
Ana Ruas em seu origami gigante.

A construtora liberou os tapumes da obra e a artista plástica Ana Ruas aproveitou a oportunidade como ninguém. Transformou 92 metros quadrados em um origami japonês gigante.

Quem passa pela Via Parque, tem a ilusão de uma dobradura em movimento. São 21 placas que ganharam tons de azul e verde e fazem o motorista ver dobras que parecem se esticar. “Uma ilusão que parece ter sido criada pela velocidade do carro e não pelo desenho”, explica a artista.

O mesmo projeto é realizado pela Brookfield Incorporações em diversas cidades. Em Campo Grande, Ana Ruas foi escolhida para expor no “Urban Gallery”. A intervenção no espaço público surpreende entorno do condomínio Green Life, empreendimento da empresa ainda em construção na região do Parque Sóter.

A artista conhecida pelo trabalho em viadutos da cidade, já tem experiência na necessidade de uma dinâmica na arte para quem está de passagem. “A observação do espectador é de máximo 15 segundos. Portanto, meu painel tinha que ter elementos repetitivos, sem muita informação”, conta Ana Ruas, depois de 4 dias de trabalho ao lado de um assistente.

Para planejar, o tempo foi bem maior, cerca de um mês. Ana esteve mais de 30 vezes na Via Parque para cronometrar o percurso e a posição do observador em relação à obra.

Pensou na cultura japonesa, importante para a cidade, na luz do Centro-Oeste e o resultado foi brilhante pela simplicidade. No paredão, grandes retângulos, sombras e tom sobre tom são colocados lado a lado, sem muitos elementos.

Ideia é levar o observador a ver dobraduras em movimento.

O “trompe l'oeil", técnica sempre usada por Ana neste tipo de intervenção urbana, trabalha sombras para dar profundidade. A artista também utilizou linhas horizontais que “alinhavam” as dobras e produzem o efeito.

“Essa é a diferença. Quando pinto uma tela, quanto mais tons e cores, mais efeitos tenho. Já neste tipo de intervenção não dá para ter muita informação, tem de ser simples, quando menos, melhor. As cores têm de ser chapadas e limpas”, ensina a artista.

É a cor, as sombras e as formas usadas para brincar com o observador e instigar: Será que o que estou vendo é verdade?

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