Artes

Em Murtinho, fronteiriços se juntam em um só folclore durante festival

Paula Vitorino | 12/11/2011 09:00
Na cor verde, Touro Bandido dança junto com as paraguaias. (Foto: João Garrigó).
Na cor verde, Touro Bandido dança junto com as paraguaias. (Foto: João Garrigó).
Indígenas são homenageados na apresentação.

Em meio as cores, sotaques e ritmos, Porto Murtinho se transforma em um grande palco folclórico na fronteira com o Paraguai. A cultura dos dois países se une para formar o Festival Internacional do município, que completa neste ano a 7ª edição.

O folclore paraguaio do Touro Candil é a grande atração, que em Porto Murtinho ganha dois candidatos ao posto de herdeiro. Os touros Bandido e Encantado travam uma disputa na arena para ganhar o título de legitima paternidade.

Nesta sexta-feira (11), foi a vez do Bandido mostrar sua tradição, na cor verde, para o público. Cerca de 60 pessoas, a maioria adolescentes, encenaram a prévia para a grande disputa que acontece no domingo (13).

No palco, os dançarinos contam a história do Touro e apresentam os elementos da cultura da fronteira em música, com ritmo paraguaio na maior parte, e encenação. A Nossa Senhora do Paraguai, Caacupê, é destaque no enredo e tem a reverência de todo o público.

Ainda são apresentados a espanhola, que aparece com a sedução ao Touro, e depois paraguaias, guaranis, africanos e indígenas dançam suas tradições.

A preparação para a apresentação começou 3 horas antes, com as pinturas nos corpos e os retoques nos figurinos. Para produzir a tribo indígena, os dançarinos foram tingidos com tinta vermelha misturada a creme hidratante.

O público fica divido, de um lado é verde – bandido, e do outro amarelo – encantado. Enquanto o Bandido desfila, os torcedores do lado amarelo permanecem sentados em meio a vibração do verde.

“Minha torcida é para o Bandido. Ele tem minha simpatia, é o melhor”, torce a estudante Calista Martinez, de 20 anos.

Mas em meio a rivalidade, o que vale para a maioria é mostrar o folclore e a mistura de culturas que é característica da fronteira.

“Aqui cerca de 50% dos moradores são paraguaios, como eu. Incorporamos muitas coisas de lá e eles também de nós, é uma mistura, é o folclore da região”, diz a funcionária pública Ana Carolina, de 21 anos, que faz parte da diretoria do Touro Encantado.

“Eu torço pro Bandido, mas o mais importante do Festival é manifestação cultural. As apresentações culturais, a integração com outros municípios e a valorização dos nossos jovens, da nossa cidade”, diz a funcionária pública Leila Abrão, de 39 anos.

O evento reúne atrações culturais de 30 municípios de Mato Grosso do Sul e da Bolívia, Argentina e Paraguai. Até segunda-feira Porto Murtinho será o palco das atrações regionais de dança, música e artesanato.

Confira a programação completa no site: http://www.portomurtinho.ms.gov.br.

Disputa - A dança e os figurinos apresentados nesta sexta são baseados na apresentação do ano passado, mas já contam pontos para a disputa.

No domingo o Bandido e Encantado apresentam coreografia inédita para disputar o título de vencedor.

Já o Touro Encantado mostra sua prévia neste sábado (12), a partir das 23h. Os dois touros também se revezam para a carreata pela cidade, hoje é a vez do Bandido.

Todas as apresentações contam pontos para o anúncio do grande vencedor, que será feito na segunda-feira (14). Os dois grupos ainda serão julgados por uma equipe de 15 convidados.

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