Artes

Vítimas de feminicídio são lembradas na primeira noite de IPêrformático

Museu foi palco de manifesto pelo direito das mulheres, do respeito às diferenças e da exposição “E Se Não Houver Luz No Fim do Túnel?”

Adriano Fernandes | 05/04/2019 22:02
Exposição “E Se Não Houver Luz No Fim do Túnel?” está está sendo realizada no Marco. (Foto: Rafaela Sátiro)
Exposição “E Se Não Houver Luz No Fim do Túnel?” está está sendo realizada no Marco. (Foto: Rafaela Sátiro)

A primeira noite de intervenções do festival IPêrformático no Marco (Museu de Arte Contemporânea de Mato Grosso do Sul) fez arte com assuntos pertinentes e urgentes da atualidade. Feminicídio, preconceito, direitos das mulheres e o respeito às diferenças foram alguns dos temas tratados em gestos, olhares, sons. No corpo e no grito.

Em fila, vestidas de roxo dos pés a cabeça e com tambores e violino em mãos as 12 “Mulheres de Luz”, do coletivo artístico do movimento Mulheres Pela Democracia, ocuparam os espaços do museu, enquanto diziam o nome de cada uma das mulheres assassinadas por seus maridos. Só este ano doze foram mortas em Mato Grosso do Sul.   

O grito de “presente” após cada nome, também vinha acompanhado das rosas que eram distribuídas para cada uma das cerca de 100 pessoas que assistiram a apresentação. A execução da vereadora Marielle Franco, há pouco mais de um ano no Rio da Janeiro, também foi lembrada.

Após a primeira intervenção a artista baiana Virgínia de Medeiros, ministrou a palestra “Poéticas da Assimetria”, em que detalhou o seu processo de criação, sempre relacionado à populações e temas à margem da sociedade.

Além da troca de vivencias e opiniões com o público, a artista apresentou a sua exposição Studio Butterfly composta por instalações, vídeos e fotografias que mesclam sexualidade, gênero e religião.

Para realizar a obra Virginia reuniu depoimentos de travestis de Salvador (BA), abordando temas cotidianos como a rotina de trabalho, família, amor e infância. A instalação surge com a proposta de tentar aproximar o público dessa realidade, mas também deixar claro que elas são seres humanos como qualquer outro, dignos de respeito e não preconceito.

“Com esse trabalho eu procuro desconstruir essas representações sociais excludentes, porque o que nos chega são mediações que muitas vezes estão a serviço de uma normatividade preconceituosa e que nega a realidade”, comentou.

Esta é a primeira vez que Virginia vem à Campo Grande, para uma visita que ela resumiu estar sendo emocionante. Atualmente morando em São Paulo, ela continua trabalhando com temas vistos como “marginais”. Escravidão, masoquismo e até a rotina de vida dos moradores de rua de São Paulo, com quem conviveu por dois anos, ela documentou. “São experiências imersivas onde a minha vida passa a fazer parte daquele cotidiano”, acrescentou.

Por fim, a programação desta noite também teve a abertura da exposição de vídeo-perfomances “E Se Não Houver Luz No Fim do Túnel?”. Mas o IPêrformático segue até o próximo dia 15 com dezenas de atividades bacanas.

Amanhã (06)a partir das 12h, é a vez da Cia Enviezada (RJ) se apresentar com “Caminhos – Uma Intervenção Urbana”. O espetáculo transita entre a ficção e a realidade passando pelas relações entre o cotidiano, o homem e a cidade.

A apresentação começa na praça Ary Coelho, e as pessoas acompanham o espetáculo por um pequeno percurso pelo Centro da Capital. Todos devem estar munidos de celular com bateria, fone de ouvido e ter baixado a trilha sonora pelo link (clique aqui) para assistir.

No domingo (7), a artista Maíra Espíndola apresenta a performance “Virá”, na qual anda por diversos pontos da cidade, como Parque do Sóter, praça Ary Coelho, Relógio da Calógeras, praça Aquidauana e praça Cuiabá.

Haverá exposição de fotos da primeira edição, a partir da segunda-feira (8), performances, debates e oficinas.

Confira a programação completa no Facebook do IPêrformático.

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