Artes

Técnica de criança, grupo volta ao tempo do papel machê para fazer brinquedos

Os acadêmicos do curso de Artes Cênicas mostraram como é o processo de criação dos brinquedos e decorações

Alana Portela | 25/10/2019 09:27
Bianca de Souza com o boneco mamulengo e o articulado que produziu no curso (Foto: Paulo Francis)
Bianca de Souza com o boneco mamulengo e o articulado que produziu no curso (Foto: Paulo Francis)

Da lixeira para casa, papel machê se transforma em aves e bonecos nas mãos dos acadêmicos de Artes Cênicas da UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul). “Vai da imaginação. A gente tem que viajar, sair do mundo real e passar para o imaginário, o que não é fácil”, conta, Miriam Parré.

Aos 63 anos, ela é aluna e relata que sempre teve afinidade com o artesanato. “Estou gostando porque é um desafio, por mais que não saia perfeito”, diz. Miriam e outros estudantes participam do projeto “Arte, Educação Ambiental e Sustentabilidade” em busca de uma cultura ecológica na Capital.

Ontem, os estudantes realizaram uma mostra onde deram vida a um tuiuiú de 80 centímetros, garças e patos. As aves feitas com papel machê foram pintadas e expostas ao lado de outros artesanatos produzidos com o mesmo material, como caixas, malas, bonecas, borboletas, etc.

Para entender como é feito esse trabalho, a colaboradora Jane Motta levou o Lado B para a sala de reciclagem. “O machê é um papel mastigado e existe há muitos anos. Pra ter ideia, há registros de armaduras feitas com ele”, diz Jane.

Jane Motta segurando um boneco articulado feito no projeto de reciclagem (Foto: Paulo Francis)
Papelão de molho na água para se transformar no papel machê (Foto: Paulo Francis)
Os acadêmicos de Artes Cênicas transformando papel em arte (Foto: Paulo Francis)

Ela explica como é o processo de criação do papel machê. “Primeiro separa o tipo de papel, porque não misturamos devido à textura ser diferente uma da outra. Depois da separação, corta e coloca numa bacia com água por dois dias. Após, bata no liquidificador e espreme até tirar a água. Usamos a cola de grude”.

Após transformar, é hora de colocar a mão na massa. A criação fica por conta do aluno e pode ser feito mamulengo, espécie de fantoche que usa as mãos para se movimentar. A cabeça do boneco é criada a partir de um balão cheio de ar. Espalham o papel ao entorno da bexiga, depois passe cola por cima. Repita o processo em várias camadas, até ficar firme.

Criado o formato da cabeça, agora é só moldar o rosto, fazer os olhos, nariz, boca. Os braços do mamulengo são feitos com rolinho de papel higiênico, e as mãos com papel machê. Outra parte é a roupa, produzida com retalhos.

“Aqui não se perde nada, tudo é feito com restinhos. Existe uma necessidade de fazer com que esses alunos se interessem pelo ambiente pela recuperação do lixo para facilitar a vida e ser uma possível venda de artesanato”, declara Jane.

Ainda da para fazer borboletas com o papel (Foto: Paulo Francis)
Criação do Xerife Woody no papel machê (Foto: Paulo Francis)
Tuiuiu, garça e pato feitos com papel machê (Foto: Paulo Francis)

A acadêmica, Meiryene Ortiz, 28 anos, fez um boneco inspirado no Xerife Woody do filme “Toy Story”. “Pensei nele porque dou aula para crianças e elas comentaram muito, e futuramente o trabalho pode dialogar com elas. Os materiais são acessíveis e aproveitamos o descarte para dar outro significado aos objetos”, fala.

Bianca de Souza de 21 anos também colocou a mão na massa e fez um boneco articulado. “É feito com várias técnicas e usamos vareta para mexer. Demorou um mês para fazer, mas estou arrumando ainda. Também fiz um mamulengo e criei uma senhora”, conta.

Inspiração não falta dentro da sala de reciclagem e tinha estudante tentando dar vida a personagens famosos como Malévola, Goku, Frida Kahlo, Pateta entre outros. Dá ainda para fazer vasos de planta e outros objetos para decoração de casa.

Conforme a colaboradora do projeto de reciclagem, Jane Motta os artesanatos feitos no local geralmente são vendidos e o dinheiro é revertido na compra de materiais para reciclagem e artesanato.

Curta o Lado B no Facebook e no Instagram

Miriam Parré fala sobre a criação do seu mamulengo (Foto: Paulo Francis)
Meiryene Ortiz mostra o mamulengo da Frida Kahlo (Foto: Paulo Francis)
Nos siga no