Artes

No palco, a história do padre que não acreditava em Deus e por isso virou santo

Ângela Kempfer | 03/04/2013 07:00
A história é encenada sobre uma mesa (Fotos: divulgação)
A história é encenada sobre uma mesa (Fotos: divulgação)

“É tocante”. Uma tradução tão simples quando a peça “São Manuel Bueno, Mártir”. Mas se for para elencar todos os motivos para ir ao teatro Glauce Rocha no próximo sábado, a conversa aumenta.

Primeiro: é de graça. Mas isso perde a importância e vai lá para o fim da lista depois de assistir pela internet trechos do espetáculo adulto com bonecos, criado pelo grupo Sobrevento, de São Paulo.

Personagens de madeira, uma mesa redonda, terra e um elemento aqui, outro ali vão contando a história do padre que não acredita em Deus.

O texto é dos anos 30, do escritor e filósofo espanhol Miguel de Unamuno. Fala da fé na vida, no ser humano. É justamente por não acreditar em Deus, mas ter fé nas pessoas, que o padre se transforma em santo.

“O bispo me deu licença para rezar a missa, não para fazer milagre”, comenta São Manuel Bueno durante a conversa com fiéis.

A manipulação dos objetos pelos atores não é convencional. A movimentação parece a de jogo de xadrez. Mas no lugar dos quadrados pretos e brancos, a terra é seca, como no sertão nordestino.

O mesmo boneco pode surgir até 3 vezes de formas diferentes. Começam com ar realista, vão perdendo a forma e viram só um esboço. Como no texto, com um mundo concreto sobre a mesa na partida, mas que cresce com questões abstratas.

 

Bonecos sem articulação conta a história com diferentes elementos em cena.

Em segundo plano, vestidos de preto como em qualquer espetáculo de bonecos, só a voz e as mãos dos atores surgem em cena.

É tudo sutil e concentrado naqueles pequenos elementos de madeira. Por isso, a ambientação cenográfica, a iluminação e a trilha sonora ao vivo têm de ser ainda mais precisas.

Em entrevistas sobre o assunto, o ator e diretor Luiz André Cherubini tem dito que tudo é pensado para emocionar. “A pessoa tem que entrar neste mundo e começar a imaginar esta cidade como é, estas pessoas como são”.

Então, o público é levado ao palco. Senta em arquibancadas montadas bem perto dos atores.

Aí entra a primeira desvantagem. Os ingressos são limitados, apenas 60 por apresentação, uma no sábado (6), outra no domingo (7).

Para garantir a entrada, é preciso chegar ao Teatro Glauce Rocha uma hora antes, quando começam a ser distribuídos os convites.

O grupo vai rodar o Brasil em turnê patrocinada pela Petrobras. Até o dia 31, estava em São Paulo e a próxima parada será em Campo Grande, com as duas sessões às 20 horas.

Atores pouco aparecem na peça adulta de bonecos.
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