Artes

Hermanos Irmãos refazem "caminho das canções", começando pelo Trem do Pantanal

Naiane Mesquita | 03/06/2016 15:00
Rodrigo Teixeira, Márcio de Camillo e Jerry Espíndola (Foto: Alcides Neto)
Rodrigo Teixeira, Márcio de Camillo e Jerry Espíndola (Foto: Alcides Neto)

Em 1975, Geraldo Roca e Paulo Simões atravessaram “todos os trilhos da terra” saindo de Campo Grande com destino a Machu Picchu. A viagem rendeu histórias e canções que se tornaram símbolos da cultura sul-mato-grossense, entre elas, Trem do Pantanal. Agora, no rastro desse caminho, o trio Hermanos Irmãos refaz a mesma viagem, como uma homenagem a aqueles que marcaram tanto a música do Estado no projeto "O caminho das canções".

“Infelizmente não vamos poder fazer o mesmo caminho que o Geraldo e o Paulinho percorreram porque o trem que ia de Campo Grande até Corumbá não existe mais. Os trilhos foram retirados”, lamenta Rodrigo Teixeira, 47 anos.

Ao lado de Marcio de Camillo, 46 anos, e Jerry Espíndola, 51 anos, os músicos concederam entrevista ao Lado B na antiga Estação Ferroviária Noroeste do Brasil, em Campo Grande. Tombada como Patrimônio Histórico e Material da cidade, ela tem apenas um vagão, que lembra vagamente o original. “Ao contrário das outras cidades por onde eles percorreram, o Brasil não preservou a sua história. Vamos de van até Corumbá e de lá seguimos pelo trem”, explica Rodrigo.

Músicos visitaram antiga estação ferroviária em Campo Grande, desativada, mas sempre presente na memória (Foto: Alcides Neto)

A primeira parada será amanhã, na Praça Generoso Ponce, em Corumbá, para um show na Semana de Meio Ambiente. De lá, o trio segue para a Bolívia, em La Paz, no dia 8 de junho, em Cusco no Okuku Bar, no Peru, no dia 11 e 12, e por fim em Machu Picchu, em 14 de junho. “Foi aqui que eles começaram a compor a música Trem do Pantanal, se você pensar é Rumo a Santa Cruz de La Sierra, aqui foi a primeira parada”, ressalta Márcio de Camillo.

Antes de seguir viagem, os músicos decidiram pedir a benção a um dos compositores, o cantor Paulo Simões. “Fomos ontem a casa dele, conversamos um pouco sobre a história das canções, da viagem, ouvimos e recebemos a benção dele. É um momento emocionante para todos nós. Entrar na estação ferroviária é incrível, uma energia muito especial”, explica Márcio.

O sentimento à flor da pele é natural. Homenagear os músicos poucos meses após a morte de Geraldo Roca, que faleceu no dia 25 de dezembro de 2015. “Nós todos conhecíamos o Geraldo, eu era amigo dele, a casa dele era na frente da minha. Tudo fica mais sensível e especial por fazer pouco tempo. E nós queríamos fazer uma homenagem para o Paulinho em vida”, acredita.

Rodrigo conta que uma das histórias que Paulo Simões fez questão de contar sobre a viagem dos dois foi o encontro com o ator Rubens Correa no Peru. “Paulo e Geraldo descobriram ao pé de Machu Picchu que não teriam dinheiro para os dois subirem. Então, o Paulo que já tinha ido disse para o Geraldo que poderia subir sozinho, sem ele. O Rubens ficou indignado porque eles tinham ido de tão longe e falou que pagava a subida do Paulinho. Ele não quis, tentou tocar na praça para arrecadar dinheiro e só conseguiu grana para três cervejas”, conta Márcio.

Sobre futuras composições a bordo do trem, o trio não sabe dizer. “Por enquanto, temos a regravação de Trem do Pantanal, que o grupo regravou com produção e arranjo de Carlos Campi, produtor de Jorge Drexler. Vamos fazer um videoclipe durante a viagem e também um single”, indica Jerry Espíndola.

A ideia do trio é continuar com o projeto, envolvendo outras canções e trechos, mas sem nada definido.

 

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